Partidos querem ampliar fundo público eleitoral 25/03/2018
- Adriana Fernandes e Julia Lindner - O Estado de S.Paulo
Partidos da base aliada iniciaram uma nova articulação com o Palácio do Planalto para engordar o fundo eleitoral, que neste ano terá R$ 1,7 bilhão em recursos públicos.
Outra alternativa sob análise seria usar parte do valor a ser arrecadado com a reoneração da folha de pagamento das empresas, em discussão na Câmara.
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O projeto tem enfrentado resistências na Casa, mas que poderiam ser neutralizadas em troca da verba para a eleição.
No ano passado, o lÃder do governo no Senado e presidente do partido, Romero Jucá (RR), apresentou projeto prevendo que o fundo poderia chegar a R$ 3,4 bilhões.
O total representaria cerca de metade do que foi gasto nas eleições de 2014.
A medida, no entanto, não passou na reforma eleitoral.
Na articulação para ampliar o fundo, partidos da base já miram em recursos que podem ser obtidos ainda neste ano, caso a reoneração da folha de pagamento passe pelo crivo da Câmara e do Senado.
A proposta retira o benefÃcio que isenta empresas de setores selecionados para recolher a contribuição previdenciária de 20% sobre a folha.
Depois de várias tentativas, o governo conseguiu na última semana aprovar a urgência da proposta, mas ainda enfrenta dificuldades para chegar a um consenso sobre os setores afetados.
A urgência permite que o assunto seja levado diretamente ao plenário da Câmara, sem a necessidade de passar por votações em comissões, dando velocidade ao processo.
DOAÇÃO PROIBIDA
O fundo eleitoral foi aprovado em setembro do ano passado como forma de driblar a falta de recursos empresariais nas campanhas.
Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a doação de pessoas jurÃdicas a partir das eleições do ano seguinte.
Essa vantagem vai atingir, por exemplo, o PRB – com a maior diferença: R$ 56,8 milhões a mais em 2018 –, seguido de PDT (R$ 53,9 milhões a mais) e PR (R$ 36,2 milhões).
O PRB vem sendo cobiçado por vários partidos em razão dos recursos que receberá com o fundo, considerado um “dote eleitoralâ€.
Atualmente, o PRB conta com 24 parlamentares federais, dos quais dois senadores.
Já o MDB terá queda no valor arrecadado – ficará com R$ 234,3 milhões, ou 37,8% a menos do que em 2014.
Para dividir esse bolo, a Executiva do partido decidiu, em fevereiro, que deputados federais candidatos à reeleição podem contar com R$ 1,5 milhão e senadores, com R$ 2 milhões.
Com isso, o montante destinado à disputa presidencial do MDB fica restrito.
Na cúpula do partido, há quem defenda, nos bastidores, a candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sob o argumento de que ele poderia financiar a campanha com recursos do próprio bolso.
O outro cenário seria ter Meirelles na chapa encabeçada por Temer.
Dirigentes do próprio DEM, no entanto, admitem que o atual fundo eleitoral limita a pretensão de crescimento do partido e não cobre o financiamento de todas as candidaturas.
Defensor da volta do debate sobre o financiamento de empresas nas campanhas, o ministro do STF Gilmar Mendes aproveitou julgamento na última quarta-feira – quando foi aprovada proposta que obriga os partidos a identificar as doações de pessoas fÃsicas – para criticar o atual modelo.