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Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro
03/09/2018 - AGÊNCIAS FRANCE PRESSE/BRASIL/ESTADÃO

Um grande incêndio destruiu ontem à noite o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, um dos principais edifícios culturais do Brasil, com um acervo de mais de 20 milhões de peças valiosas.

A tragédia, que não deixou vítimas e ainda não teve os danos calculados, começou às 19:30 por causas que não foram determinadas até o momento, quando o local já estava fechado ao público.

“Não há informações de vítimas. Se propagou muito rapidamente. Há muito material inflamável”, afirmou à AFP uma fonte do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.


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O edifício de mais de 13.000 metros quadrados na zona norte do Rio foi devorado por pelas chamas por várias horas.

Cinco horas depois do início das chamas, os bombeiros conseguiram controlar grande parte do incêndio, mas na manhã desta segunda-feira ainda trabalhavam no local.

Fundado em 1818, o Museu Nacional é um dos mais antigos do Brasil, uma instituição científica de grande importância, com mais de 20 milhões de peças valiosas.

Entre os destaques do acervo estão a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I, a coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina, coleções de Paleontologia que incluem o Maxakalisaurus topai, dinossauro proveniente de Minas Gerais e o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizado de “Luzia”.

Também conta com outros tesouros, como o maior meteorito encontrado no Brasil, batizado como ‘Bendegó’ e que pesa 5,3 toneladas.

E uma coleção de peças que envolve um período de quase quatro séculos, desde a chegada dos portugueses ao atual território do Brasil, em 1500, até a proclamação da República, em 1889.

“Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos brasileiros”, afirmou o presidente Michel Temer em um comunicado.

O vice-diretor do museu, Luiz Fernando Dias Duarte, afirmou sentir um “desânimo profundo” e uma “raiva imensa”.

“Todo o arquivo histórico, que estava armazenado em um ponto intermediário do edifício, foi totalmente destruído. São 200 anos de história que se foram”.

Ele acusou as autoridades de falta de atenção e disse que nunca teve um apoio eficiente e urgente para a adequação do palácio, que foi a residência oficial da família real e imperial.

“Lutamos há anos, em diferentes governos, para obter recursos para preservar adequadamente tudo o que foi destruído hoje”, afirmou.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, admitiu no Twitter que “a tragédia poderia ter sido evitada”.

“Os problemas do Museu Nacional foram se acumulando ao longo do tempo. Não começaram este ano. Em 2015, por exemplo, foi fechado por falta de recursos para sua manutenção”, recordou o ministro, no cargo desde 2017.

“A revitalização iria começar agora, com o patrocínio do BNDES. O projeto previa a proteção contra incêndio”, destacou, ao recordar que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social assinou em junho um contrato de 21,7 milhões de reais com o museu.

Vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Museu Nacional sofreu cortes de financiamento nos últimos anos e vários espaços foram fechados ao público.

ACERVO DE INVERTEBRADOS

Em meio às chamas e aguardando o controle do incêndio, a vice-diretora do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Cristina Serejo, afirmou que “nem tudo foi perdido do acervo” do museu.

Uma coleção de invertebrados escapou do fogo, pois fica em um prédio anexo, que não foi afetado pelas chamas.

O museu tem três andares e prédios anexos, localizados na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na zona norte da capital.

Segundo Cristina Serejo, alguns pesquisadores conseguiram sair do prédio com seus acervos pessoais. Outros funcionários tiveram condições de retirar computadores pessoais.

O Museu Nacional do Rio reunia um acervo de mais de 20 milhões de itens de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia. No local, estava a maior coleção de múmias egípcias das Américas, havia ainda esqueletos de dinossauros e várias peças de arte.

É a mais antiga instituição histórica do país, pois o local foi fundado por dom João VI, em 1818.

O museu é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com perfil acadêmico e científico. Tem nota elevada nos institutos por reunir pesquisas diferenciadas, como esqueletos de animais pré-históricos e livros raros.

FOGO

O comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, coronel Roberto Robadey Costa Júnior, disse que pelo menos duas áreas não foram atingidas pelo fogo.

Segundo ele, por duas horas, os bombeiros e funcionários do museu retiraram uma parte do acervo.

“Mas é muito triste dizer que muita coisa se perdeu”, disse o comandante à Agência Brasil.

Segundo o comandante, às 23:30 eram 80 homens e três escadas magirus na área. As dificuldades eram o abastecimento de água, acesso ao local e a elevada quantidade de material inflamável.

"LUÍZA MORREU"

A presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, resumiu em uma frase o incêndio que consumiu o Museu Nacional: "Uma morte anunciada".

E sem conseguir esconder a tristeza, sentenciou: "Patrimônio não tem como reconstruir. Acabou, acabou."

Chefe do instituto responsável pela fiscalização e proteção dos bens culturais do País, ela afirmou ao Estado que providências anteriores à tragédia estavam sendo tomadas, como o projeto financiado pelo BNDES, no valor de R$21,7 milhões, contrato assinado em junho deste ano, para restauração e requalificação do Museu.

"Não tem investimento nessas áreas", disse, referindo-se à preservação de acervos e da própria infraestrutura dos museus.

"É o acervo de memória do País inteiro, mas não tem recursos. Os candidatos a presidente da República, nos programas, quase nunca falam de patrimônio e cultura. É preciso acontecer uma tragédia dessas para o Brasil ficar exposto a toda a comunidade internacional", disse, revoltada, Kátia Bogéa.

"A gente perdeu nossa memória, nossa história", continuou a presidente.

"A gente não vai ter mais Luzia. Luzia morreu no incêndio", afirmou, assustada, referindo-se ao esqueleto mais antigo já encontrado nas Américas, com cerca de 12 mil anos de idade.

"Vai ver como está a situação dos nossos museus, de acervos, qual é a importância que o Brasil está dando para isso. É uma questão que terá de entrar num debate sério", refletiu.

Ela destacou que o Iphan está discutindo com os grupamentos de Corpo de Bombeiros de cada Estado a aprovação de um texto normativo comum a todos para orientar a atuação nos prédios históricos e acervos.

"O que o Iphan fez foi discutir para alinhar essa linguagem. E, olha que coincidência, na semana passada essa normativa estava saindo da procuradoria jurídica para ser publicada esta semana. Aí acontece essa tragédia."

Ela destacou que se o Museu Nacional já tivesse feito a obra pleiteada, que foi aprovada há dois meses pelo BNDES, isso não teria acontecido. "Ia ter todo um sistema de prevenção e combate a incêndio, diminuiria em muito a destruição.”

Sobre o prédio do museu, a presidente do Iphan ressaltou que será preciso analisar em que condições estará o espaço, para então se pensar a recuperação.

“A gente não sabe nem as condições que o prédio vai ficar. Se ele conseguir, não cair, vai ter de fazer levantamento de engenharia, escoramento, para poder depois desenvolver estudo para a recuperação dele”, observou Kátia.

TRAGÉDIA ANUNCIADA

O incêndio no Museu Nacional revela a falta de cuidado do poder público com o acervo histórico e científico do País e foi classificado como um desastre anunciado por pesquisadores e dirigentes de instituições ouvidos pelo Estadão.

“A dúvida não era se algo assim poderia acontecer, mas quando iria acontecer”, disse Walter Neves, antropólogo conhecido como “pai da Luzia”, por ter descrito o fóssil que é considerado o fóssil humano mais antigo das Américas, com 11 mil anos – item do acervo do local.

“O museu estava jogado apodrecendo, incluindo a parte elétrica”, criticou Neves, professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), ainda abalado com a notícia.

O incêndio, diz, “é uma consequência direta do descaso do poder público.”

O pesquisador criticou ainda o destino dos recursos.

“Gastaram milhões para construir um museu do futuro (Museu do Amanhã), enquanto um museu centenário, que guarda a história do Brasil, ficou largado às traças.”

  

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