De uma só vez, Rondônia acaba com mais de meio milhão de hectares de áreas protegidas 29/09/2018
- Warner Bento Filho - WWF-Brasil
Sem nenhuma manifestação contrária, deputados da Assembleia Legislativa de Rondônia fizeram desaparecer, em menos de uma hora de discussão, mais de meio milhão de hectares de áreas protegidas na Amazônia.
De uma só vez, na tarde da última terça-feira (25), os parlamentares riscaram do mapa onze unidades de conservação no Estado.
A tramitação se deu em tempo recorde: o projeto foi protocolado na Assembleia no meio da manhã (10:30) e, à tarde, já estava aprovado.
“Por ter o clamor de toda sociedade e o apelo dos deputados estaduais, somos favoráveis ao projeto e à emenda para que possamos extinguir as reservas e trazer o desenvolvimento sustentável e responsável ao Estadoâ€, disse.
Isso era o que propunha o projeto de lei complementar 242/2018, enviado à Assembleia pelo governo – e protocolado às 10:30 da manhã.
Ao entrar em discussão no plenário, no entanto, o PLC recebeu uma emenda coletiva propondo a extinção não só dessa unidade de conservação, mas de todas as onze unidades criadas pelo governo do Estado em março deste ano, e assim foi aprovado.
Os deputados já haviam tentado extinguir as áreas em março, mas a tentativa foi barrada pela Justiça.
COMPROMISSOS
Depois da aprovação do projeto e da emenda, na terça, o deputado Lebrão (MDB) discursou esclarecendo quais são os compromissos dos deputados.
“Que (a extinção das UCs) sirva de exemplo para os próximos governantes deste Estado: que não passem mais por cima da Assembleia Legislativaâ€.
O deputado Maurão de Carvalho (MDB) disse que em Rondônia “não cabe mais reserva. Tem reserva demaisâ€.
No entendimento do parlamentar, os produtores rurais não podem ser controlados pela estrutura do estado:
“Precisamos deixar o produtor rural trabalhar com liberdade, sem perseguição do Ibama, sem perseguição de alguns policiais da PolÃcia Ambientalâ€, disse.
O advogado do WWF-Brasil Rafael Giovanelli lembra que o Estado tem o dever constitucional de criar unidades de conservação.
“O Estado precisa criar unidades de conservação para dar efetividade ao direito das pessoas a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, como estabelece o Artigo 225 da Constituição Federalâ€, disse.
Das 11 unidades de conservação criadas pelo governo do Estado em março, quatro eram de proteção integral: as estações ecológicas Umirizal e Soldado da Borracha e os parques estaduais Ilha das Flores e Abaitará.
As demais unidades são de uso sustentável, que permitem a exploração sustentável dos recursos naturais.