Preso há seis meses numa sala-cela da PF em Curitiba, o ex-presidente Lula está apenas no inÃcio do cumprimento de uma pena de 12 anos e 1 mês de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Mas Lula parece não se emendar. Ao exercer sem qualquer cerimônia ou pudor o papel de coordenador da candidatura do presidenciável Fernando Haddad (PT), o petista transformou a sala-cela num QG da campanha, onde acontecem manobras pouco ortodoxas no vale-tudo para eleger o petista.
“Dino tem que deixar de apoiar Ciroâ€, ordenou o petista da cadeia.
Não parou por aÃ.
Ao descobrir que um dos motores da candidatura de Ciro no Maranhão era o deputado Weverton Rocha (PDT-MA), candidato ao Senado, Lula, por meio de Gilberto Carvalho, destinou uma importante mensagem a Valdemar Costa Neto.
“Faça chegar dinheiro à campanha de Weverton Rochaâ€.
O deputado, conforme informações colhidas por Lula da prisão, precisava de R$ 6 milhões para deslanchar sua campanha.
Com o apoio de Quintella, Valdemar deflagrou a operação para o envio do dinheiro ao Maranhão.
Conforme apurou ISTOÉ, um avião experimental Cirrus, da Vokan Seguros, a serviço da empreiteira CLC (Construtora Luiz Carlos), foi quem cuidou do transporte do dinheiro do Ceará com destino a São Luis.
O dinheiro, contudo, chegou ao destinatário final, cumprindo os desÃgnios de Lula: a campanha do pedetista Weverton – convertido a empedernido cabo eleitoral de Haddad.
Mas ainda havia uma ponta solta no novelo da costura feita por Lula no Maranhão.
A famÃlia Sarney vinha trabalhando pela eleição do presidenciável do partido, Henrique Meirelles, mas a conduta mudou quando Sarney recebeu o recado de Lula, transmitido por meio de Gilberto Carvalho:
“Quero a famÃlia Sarney na campanha do Haddadâ€, determinou Lula da cadeia.
Resultado: Haddad cresceu no Maranhão de 4% para 36% e Ciro estagnou nos 13%.
Em contrapartida, o cacique maranhense conta com a ajuda de eventual governo petista para sacramentar um negócio que envolve a TV Mirante, pertencente à famÃlia.
Sarney deseja vender a emissora para o grupo Integração, de Minas Gerais.
Em troca, o filho de Renan se comprometeria a aumentar as verbas da mÃdia do governo dos atuais R$ 300 mil por mês para R$ 800 mil mensais para a TV de Collor em Maceió.
O acerto, pelo visto, foi bem azeitado. Collor renunciou, Renanzinho saltou para 65% e deve ser reeleito na primeira etapa das eleições alagoanas.
Agora, o PT espera que Renan Filho cristianize Meirelles em favor de Haddad.
Há, no Estado, quem diga que isso já aconteceu.
Na última semana, Haddad subiu de 2% para 28% em Alagoas.
Avalista do acerto, Renan sonha em voltar a comandar o Senado, a partir de 2019, com o apoio de Lula.
Desde que ativou o QG eleitoral na cadeia, há um mês, os resultados já se fizeram sentir.
Haddad ascendeu nas pesquisas de intenção de voto de 4% para 22%, Ãndices impulsionados pelo duplo twist carpado empreendido pelo petista na região, onde atingiu 34% – o dobro de Jair Bolsonaro.
O avanço vermelho no Nordeste, operado por Lula da cadeia, acabou por minar a candidatura de Ciro Gomes.
O pedetista chegou a ter mais de 20% na região, com tendência de alta, mas recuou.
Valdemar teria oferecido R$ 2,4 milhões para que candidatos a deputado pelo PR apoiem Haddad
O esforço de Lula no sentido de solapar, da sala-cela em Curitiba, candidaturas adversárias de seu poste ousou beliscar o ninho tucano no PiauÃ.
Lula determinou, então, que se bandeasse para Haddad.
Paralelamente, articulou com o senador EunÃcio Oliveira (MDB-CE), seu desembarque da candidatura de Meirelles, em prol do candidato do PT ao Planalto.
Para fazer Haddad decolar no Ceará, Valdemar estaria oferecendo R$ 2,4 milhões, recurso do fundo partidário do PR, para cada candidato da legenda a deputado federal.
No meio penitenciário, policiais costumam dizer que os presos, por não trabalharem, utilizam o tempo ocioso para arquitetar novos crimes.
Costumam repetir a velha máxima: “mente vazia, oficina do diaboâ€.