Com 120 milhões de usuários no paÃs, a ferramenta recebeu tanta relevância que Fernando Haddad, candidato petista à Presidência, chegou a responsabilizá-la pelo crescimento de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto.
Preocupado com o poder de influência do Whatsapp, Haddad decidiu articular ainda no primeiro turno uma empreitada contra as inverdades que circulam a seu respeito.
Batizado de Zap do Lula, um grupo foi criado para receber notÃcias que, aos olhos do eleitor, pareçam boatos ou informações manipuladas.
Já Marina Silva (REDE), candidata que terminou em oitavo lugar no primeiro turno, conseguiu na terça-feira (09) uma vitória contra o aplicativo.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a divulgação em 48 horas dos dados de usuários que gravaram um vÃdeo ofendendo a ambientalista.
Para Carlos Horbach, ministro que julgou a ação, o vÃdeo apresenta conteúdo “inegavelmente ofensivo à honra e à imagem da candidata representante, o que por si só justifica a remoção do conteúdo impugnado.â€
Ainda assim, evitar campanhas de desinformação na plataforma pode ser uma tarefa hercúlea, principalmente em razão da criptografia que impede o acesso das mensagens por terceiros.
É o que explica FabrÃcio Benevenuto, professor de ciência da computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“O aplicativo passa uma noção de confiança por existirem grupos de vizinhos, grupos familiares. São espaços onde o usuário está em contato com pessoas muito próximas a ele.â€
Nesse ambiente privado, seria ainda mais difÃcil desmentir informações falsas, uma vez que elas ganham credibilidade quando são transmitidas por pessoas que evocam confiança, como parentes e amigos.
Aqueles que militam em determinada corrente polÃtica por vezes têm um papel determinante no processo, levando de maneira inadvertida dados equivocados de um grupo a outro.
Existem, no entanto, pessoas que propositalmente alimentam um ciclo de enganos e difamações.
Nesses casos, disse Benevenuto, normalmente há um interesse polÃtico por trás.
O pesquisador especula que o cenário de ceticismo seja delineado pela descrença em instituições tradicionais, como a polÃtica e a própria mÃdia.
Em 2017, essa crise de confiança foi confirmada pela agência internacional Edelman Trust Barometer, mostrando que 62% das pessoas não acreditam nas instituições brasileiras.
O levantamento constatou que a confiança na mÃdia caiu de 54% para 48%, e nas empresas despencou de 64% para 61%.
Há pelo menos três anos, as mensagens do Whatsapp fazem parte da rotina de Linea Mathias.
Aos 81 anos, a aposentada diz que o aplicativo a agradou por seu dinamismo e praticidade.
“Eu não ligo muito para computador porque os considero lentos. Como sou muito ansiosa, com o Whatsapp posso falar na hora. Ficar sentada em frente ao computador me dá ansiedade, me cansa um pouco.â€
No primeiro turno das eleições, a moradora de Ipanema, Zona Sul do Rio, trocava frequentes mensagens sobre assuntos ligados à polÃtica.
“Eu gosto muito do Moro. Tudo o que me mandam sobre ele eu gosto e aprecio. Inclusive meu neto se formou em direito e eu queria que ele fosse juiz, mas ele não quis, não. Ele quer ser delegado.â€