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Léo Pinheiro diz que Lula se comportava como dono do sÃtio de Atibaia
10/11/2018
- O ESTADO DE S.PAULO
O empresário Léo Pinheiro, da OAS, declarou ontem à juÃza Gabriela Hardt que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comportava como o proprietário do sÃtio de Atibaia e como real beneficiário das obras que a empreiteira realizou no imóvel localizado no interior de São Paulo.
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Leó Pinheiro detonou Lula em longo relato na ação penal em que o petista é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo o empresário, foi Lula quem o chamou para conversarem sobre as obras do sÃtio, mas nunca o ex-presidente teria demonstrado preocupação em saber detalhes dos valores empenhados.
Ele estima que a empreiteira desembolsou entre R$ 350 mil e R$ 450 mil nas obras de melhorias da área – apenas a cozinha ficou em R$ 170 mil.PUBLICIDADE
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Léo Pinheiro também é acusado nesta ação do sÃtio. Preso na Superintendência da PolÃcia Federal em Curitiba, ele está colaborando com as investigações.
Ontem, o empresário respondeu todas as perguntas da juÃza Gabriela Hardt, sucessora de Sérgio Moro na condução dos processos criminais da Operação Lava Jato no Paraná.
No fim do depoimento, a defesa fez três perguntas a Léo Pinheiro.
Na primeira, a advogada do ex-presidente da OAS quis saber.
“Em algum momento, o ex-presidente Lula te questionou acerca de valores dessas obras realizadas no sÃtio, em algum momento ele perguntou como deveria ser ressarcidas essas despesas gastas?â€
“Não, nuncaâ€, respondeu o executivo.
“As atitudes que o ex-presidente Lula tomou frente ao sÃtio, me refiro à s obras especificamente que a OAS fez no sÃtio, deixaram dúvida ao sr de que ele era o real proprietário do sÃtio?â€, perguntou a defesa.
“Nenhuma dúvidaâ€, afirmou Léo Pinheiro.
“Deixaram dúvida de que ele seria o real beneficiário dessas obras?â€, questionou o advogado.
“Nenhuma dúvidaâ€, disse o ex-presidente da OAS.
O que disse Léo Pinheiro à Gabriela Hardt?
O executivo relatou à juÃza que, em fevereiro de 2014, foi “convocado pelo ex-presidente Lula para um encontro no Instituto Lulaâ€. No local, contou, o petista “explicou que queria fazer uma reforma, não era uma reforma grande, num sÃtio em Atibaiaâ€.
“Era numa sala e numa cozinha e também tinha problema num lago que estava dando infiltração, se eu podia mandar alguém, uma equipe para dar uma olhada. Eu disse: ‘presidente, eu gostaria de ir pessoalmente, o sr marca o dia que eu vou estar presente’. Ele marcou no sábado seguinteâ€, disse.
Léo Pinheiro narrou que foi ao sÃtio com Paulo Gordilho, então diretor da OAS Empreendimentos, porque o dirigente “já tinha conhecimento dos serviços que nós vÃnhamos fazendo no triplex do Guarujáâ€.
“Eu preferi que Paulo também continuasse para que essa coisa não ficasse muito divulgada dentro da organização. Eu fui com Paulo num dia de sábado, o presidente combinou comigo de eu ficar aguardando após o pedágio da Fernão Dias, que eu não sabia onde ficava, era difÃcil de chegarâ€, afirmou.
“Isso ocorreu, eu fiquei esperando. Fui seguindo o carro dele, estivemos no sÃtio. Ele e a Dona Marisa me mostraram, a mim e a Paulo, os serviços que eles gostariam de fazer na sala e atingiria a cozinha, porque tinha uma parede que tinha que desmanchar. Nós dissemos: ‘presidente, deixa a gente fazer um projeto e mostrar ao sr’. Fomos ver o lago que estava tendo uma infiltração. Demoramos um pouco para tentar entender como é que estava acontecendo aquilo. Eu disse: ‘olha, o lago, a gente vai ter que esvaziar’.â€
De acordo com o ex-presidente da OAS, Lula marcou um novo encontro em sua casa, em São Bernardo do Campo, também em um sábado, cerca de "2 ou 3 semanas depois".
“Estava ele e dona Marisa. Eu fui com Paulo e mostramos a ele como é que seria a reforma da sede do sÃtioâ€, disse.
“O presidente combinou comigo o seguinte: ‘olha, tudo bem, pode iniciar o serviço. Eu só lhe pediria, Léo, que não, que as pessoas não se apresentassem na cidade de Atibaia, questão de sigilo, que as pessoas não tivessem uniforme, essas coisas, da OAS, que não tivesse nenhuma identificação’.â€
O ex-presidente da empreiteira relatou que combinou com Paulo Gordilho “que, se possÃvel, trouxesse pessoas que não fossem de São Pauloâ€.
“Vieram de Salvador pessoas da confiança dele para que pudesse fazer. Essas pessoas foram um encarregado, se não me falha a memória, três ou quatro operários. Ele determinou que qualquer coisa se conversasse com o caseiro, acho que é Maradona o nome, que teria lugar para essas pessoas dormirem. E assim foi feito. Isso foi feito durante o mês de março até talvez julho ou agosto de 2014â€, contou.
Gabriel Hardt quis saber se o empresário Fernando Bittar, em nome de quem a propriedade está formalmente registrada, estava na primeira visita ao sÃtio. Léo Pinheiro disse que se “recorda bem†de Fábio, um dos filhos de Lula.
“E eu acho que me apresentaram o Fernando, eu não tenho certeza, mas me parece que simâ€, respondeu. “Eu só conversei com o presidente (sobre a reforma). Ela estava presente nas duas vezes que eu tive contato com os dois.â€
Segundo Léo Pinheiro, o ex-presidente o orientou que não fizesse “nada em nome da OASâ€.
“Não pode ser feito nada em nome da OAS. As compras eram feitas na cidade de Atibaia pelo encarregado que estava lá. Ele recebia um dinheiro que a empresa disponibilizava para ele. Ele fazia as compras, ao que me consta, parece até em nome dele, porque era recibo, não era nota fiscalâ€, disse.
À juÃza, Léo Pinheiro explicou como era feito o “encontro de contasâ€.
“Nós fizemos várias obras com a Petrobrás ao longo desses anos, durante o governo do PT. Acredito eu que num montante de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões. Essas obras tinham um valor determinado de 1% para o PTâ€, declarou.
Segundo o ex-presidente da OAS, os “valores começaram a ser gerenciados, em um primeiro momento, por Delúbio Soares, que era o tesoureiro do PT e depois o João Vaccariâ€.
“Nós tÃnhamos uma conta corrente. A cada faturamento de cada obra dessa, a gente tinha que fazer um pagamento de 1% sob valor que nós recebÃamos. Mas isso não era pago imediatamenteâ€, afirmou.
“Às vezes juntava mais um pouco e o Vaccari determinava: ‘eu quero que você me pague isso em caixa 2, quero que você faça doações ao Diretório nacional do PT, ao diretório estadual tal, que ajude polÃtico tal’. Foi assim a vida toda. Juntava-se um montante, eu tinha uma participação direta nisso, eu pouco delegava isso, até por uma questão de ser um partido no poder, ser o presidente.â€
De acordo com Léo Pinheiro, o “pessoal da Controladoria que operacionalizava issoâ€.
“Vaccari combinava comigo ou diretamente com essas pessoas e a gente faria os pagamentos. Qualquer despesa extra que tivesse, a mando do PT, no caso essas duas coisas que foram feitas diretamente com o presidente, a nÃvel pessoal, como as outras despesas, eu sempre combinava com Vaccari e fazia-se um encontro de contasâ€, relatou.
DEFESA
Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou: “Leo Pinheiro foi ouvido hoje (09/11) como acusado e tal como fez na ação do trÃplex preferiu acusar Lula com afirmações mentirosas ao invés de se defender. A estratégia faz parte de uma tentativa de convencer o Ministério Público Federal a lhe conceder benefÃcios, inclusive para sair da prisão, por meio de um acordo de delação que negocia há quase 2 anos.
Agenor Medeiros, também ouvido reconheceu que é falsa a acusação do Ministério Público ao afirmar que ele teria prometido e oferecido vantagens indevidas a Lula por meio da reforma de um sÃtio em Atibaia.
Paulo Gordilho, por seu turno, deixou evidente em seu depoimento que sempre tratou com Fernando Bittar sobre os assuntos relativos ao sÃtio de Atibaia, que é o proprietário do imóvel.â€
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