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LUZ E GASOLINA QUASE DE GRAÇA, ENQUANTO FALTAM PRODUTOS BÁSICOS: O RETRATO DO COLAPSO VENEZUELANO
30/01/2019 - JANAÍNA FIGUEIREDO - O GLOBO

Em alguns postos de gasolina da capital venezuelana, a cena tem se repetido com frequência. Um motorista enche o tanque e, na hora de pagar, o frentista não sabe dizer o preço da gasolina e afirma que a pessoa pode dar quanto quiser.

E, se quiser, completa, pode simplesmente ir embora sem gastar um centavo.

Num contexto de hiperinflação, caos econômico generalizado e colapso da indústria petrolífera, a gasolina, que sempre foi mais barata do que a água mineral no país, está ficando praticamente de graça.


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Enquanto nos mercados faltam produtos básicos, a energia também perdeu o valor, e uma família de classe média alta, que usa ar-condicionado, paga mensalmente o equivalente a US$ 1 na conta de luz.

A crise tem uma uma dimensão difícil de imaginar para quem não a vê com os próprios olhos.

Mesmo nos bairros populares de Caracas como Petare, considerado a maior favela da América Latina, é raro encontrar pessoas que defendam a gestão do presidente Nicolás Maduro.

A base social histórica do chavismo se rebelou contra o ocupante do Palácio Miraflores, embora continue leal à lembrança de Hugo Chávez, o tenente-coronel que chegou ao poder em 1999 prometendo atender as demandas até então ignoradas pelos sucessivos governos do chamado Pacto de Punto Fijo, pelo qual os partidos Ação Democrática e Copei se alternavam no poder.

Chávez morreu em março de 2013 e Maduro, escolhido por ele em vida como sucessor, foi eleito em abril do mesmo ano num pleito sobre o qual ainda paira uma suspeita de fraude.

Nas presidenciais de 2018, a situação foi ainda mais grave: o governo foi acusado de realizar uma eleição nem livre nem limpa, que foi considerada ilegítima por mais de 40 países, incluindo uma maioria de países latino-americanos e todo o bloco europeu.

O capítulo seguinte foi o não reconhecimento do segundo mandato de Maduro, para o qual ele tomou posse em 10 de janeiro último, desencadeando o impasse político vivido hoje pela Venezuela.

Maduro pode ter sido a opção de Chávez, mas hoje não conta com o apoio dos que ainda se mantêm leais ao presidente morto, nem mesmo nos bairros mais humildes da capital.

Numa casa precária de Petare, a aposentada Magali Castillo ainda tem sua árvore de Natal armada e ao lado dela um porta-retratos com uma foto de Chávez.

Magali é chavista, mas não madurista. A diferença pode parecer sutil, mas existe.

"Devemos muito a Chávez, ele nos deu as missões (programas sociais em educação, saúde, habitação e alimentação, entre outros). Mas, depois que ele morreu, tudo mudou, tudo foi por água abaixo", desabafou a aposentada, que depende da ajuda dos filhos para comer.

Magali até votou por Maduro nas questionadas eleições presidenciais de maio passado, mas hoje diz que gostaria de uma mudança.

Está decepcionada e garante que não votaria novamente no chefe de Estado.

"Não sei direito quem é Guaidó. Sinceramente, não acredito em mais ninguém. O que sei é que estamos passando fome e hoje está tudo muito confuso", disse Magali, referindo-se ao presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se declarou presidente interino com o apoio do Legislativo, afirmando-se disposto a liderar um governo de transição encarregado de convocar novas eleições.

Uma de suas vizinhas, a enfermeira Zuvali Escalona, é bem mais enfática ao criticar o atual governo:

"O que queremos é sair de tudo isso, o povo está farto. Por isso desceram dos bairros (favelas) na marcha do dia 23 e vão continuar descendo. Ninguém aguenta mais viver assim".

As famosas caixas de comida Clap (sigla dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção) chegam cada vez com mais demora e nem sempre com os mesmos produtos.

Atum, por exemplo, muito de vez em quando. O que mais se recebe em bairros como Petare são arroz, farinha e açúcar.

"As caixas não são de graça, nós pagamos por elas. Não podemos depender dessas caixas para comer, tem muita gente passando fome e comendo do lixo. Estamos sobrevivendo com muito esforço", lamentou a enfermeira.

No setor de saúde, disse ela, a crise é monstruosa. Muitos médicos rumaram para o exílio forçado e o número de enfermeiras também diminuiu drasticamente.

"Ganhamos uma miséria que não dá nem para comer o mês inteiro. É triste demais", afirmou Zuvali.

Até a década de 80, a Venezuela era um país que recebia imigrantes de várias regiões do continente.

Argentinos (entre eles o escritor Tomás Eloy Martínez, já morto), chilenos e uruguaios que fugiam das ditaduras em seus países.

Colombianos que chegavam a Caracas e outras cidades em busca de um futuro melhor.

Hoje a situação se inverteu, e são os venezuelanos que emigram, em massa, para o mundo inteiro.

O país rico, que parecia uma fonte inesgotável de petróleo e bonança para seus habitantes e os estrangeiros que chegavam a ele, está em ruínas.

A gasolina é de graça, mas as pessoas passam fome. Nos bairros de classe média alta, como Los Palos Grandes e Altamira, entre 6 e 7 horas da manhã veem-se muitas pessoas, incluindo criança, comendo do lixo.

"O governo cria obstáculos à ajuda humanitária porque quer um povo faminto e fácil de manipular", afirmou o comerciante Wilmer Barrientos, outro chavista não madurista que decidiu aderir à campanha por uma saída democrática para o país.

Ele não é eleitor da oposição, não sabe direito quem é Juan Guaidó, mas quer ver Maduro e seus colaboradores fora do poder.

Entre os países que reconheceram a legitimidade de Guaidó estão Brasil, Argentina, Chile, Canadá, Estados Unidos e Colômbia.

  

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