Nove governadores deixam rombo de R$ 71 bilhões para sucessores 26/02/2019
- Idiana Tomazelli e Adriana Fernandes - O Estado de S.Paulo
Nove governadores encerraram seus mandatos em 2018 com um rombo de R$ 71 bilhões para os sucessores, segundo dados declarados pelos próprios Estados ao Tesouro Nacional.
A informação prestada pelos governos estaduais confirma a tendência apontada por levantamento do Estadão/Broadcast divulgado em dezembro, que já mostrava o risco de novos governadores herdarem um caixa no vermelho.
PUBLICIDADE
Os dados são o retrato da situação delicada das contas desses Estados, que continuam com folhas de pagamento atrasadas e negociam com o governo federal um novo pacote de socorro.
Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Sergipe encerraram o ano passado com um rombo que soma R$ 67,9 bilhões.
Em praticamente todos eles, faltou tanto dinheiro não vinculado (ou seja, que pode ser usado livremente em qualquer despesa) quanto vinculado (carimbado apenas para determinado gasto, como em saúde ou educação).
Outros dois Estados (Pernambuco e Tocantins) e o Distrito Federal deixaram um rombo somado de R$ 3 bilhões apenas em recursos não vinculados.
"O gestor assumiu obrigações financeiras sem a suficiente disponibilidade caixa para cumprir com essas obrigações, pois os recursos vinculados não poderão ser utilizados para horar esses compromissos", explicou o Tesouro Nacional em resposta ao Estadão/Broadcast.
Os dados do relatório são declarados pelos próprios Estados, ou seja, nada impede que haja "esqueletos" a serem ainda desvendados pelos atuais gestores.
A lei diz que os chefes dos poderes precisam pagar todas as despesas feitas em seu mandato.
Caso contrário, podem ser punidos, inclusive na esfera penal.
A reportagem procurou os TCEs dos Estados que registraram rombo no caixa em fim de mandato.
Os tribunais do Distrito Federal, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais informaram que seguirão o cronograma de análise das contas, cujo processo deve ser concluÃdo no segundo trimestre deste ano.
O TCE de Tocantins não quis se manifestar antes da análise das contas. Os tribunais de Pernambuco e Sergipe informaram que só poderiam dar uma resposta nesta terça-feira, 26.
Os demais não retornaram.
Em dezembro, o TCE do Rio Grande do Norte admitiu à reportagem que acompanhava de perto as "consistentes evidências" do risco de o Estado fechar 2018 sem caixa suficiente para honrar os compromissos da gestão de Robinson Faria (PSD).
O ex-governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, disse ter confiança que as contas de 2018 serão aprovadas pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal.
O ex-governador disse que acabou com a "pedalada" que sempre foi feita nos governos anteriores com a folha de pagamento dos servidores de um ano para outro.
Isso fez com que, na prática, o seu governo tenha pago uma folha a mais de salário com custo de R$ 1,6 bilhão, segundo ele.