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CURTO & GROSSO
Edição de 17/06/2003
Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br
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Embucetou tudo!
Empreiteiras embargam obra de pavimentação da BR-163...
Entenda o caso:
Trata-se daquele trecho que o tal consórcio privado pretende pavimentar com dinheiro público e depois cobrar pedágio na estrada toda.
O argumento das empreiteiras é o mesmo que levantamos aqui, de pronto, tão logo a obra foi anunciada:
Ora, se o governo tem dinheiro para bancar integralmente a conta, porque não manda asfaltar logo, sem essa de “operação casada” e sem que ninguém tenha que “pagar pedágio” a quem quer que seja?
A decisão coloca o tal consórcio e a Turma da Botina numa saia justíssima:
Se também recorrerem à Justiça, além de atrasar tudo, vai ficar bem claro que não estão exatamente interessados na pavimentação da BR, mas no pedágio.
Bom... Por falta de avisar que esta mandraquice ainda iria terminar em confusão é que não foi.
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Uma das marcas da Turma da Botina é encontrar “soluções” simples – mas que não verdade são ingenuamente simplistas, para não dizer simplórias -- para a mais variada gama de problemas.
Tão simplistas e tão simplórias que não resistem ao primeiro banho de realidade, como os inovadores contratos de gestão, os festejadíssimos consórcios rodoviários e a engenhosa “privatização” da BR-163.
Até parece que, maravilhado, Mato Grosso -- como a América à espera de Colombo --, passou os últimos 300 anos aguardando Maggi colocar o ovo em pé.
Dos tais “contratos de gestão” – cujo objetivo seria o de imprimir um ritmo empresarial aos negócios públicos – depois de todo aquele frenesi inicial, não se toca mais no assunto.
Lastreados em uma “moeda” instável – a soja --, em poucos dias os tais consórcios rodoviários viram a receita projetada murchar em pelo menos 25% com a queda da cotação do dólar, esfriando o entusiasmo inicial.
Já a pavimentação da BR-163 – como vimos na nota anterior --, deu no que deu.
Parir soluções mágicas, como dissemos, é uma das marcas da Turma da Botina.
Uma.
Não a principal nem a mais intrigante.
A principal e mais intrigante é que, desde a posse em janeiro, todos os grandes projetos estratégicos do governo Maggi têm sempre como beneficiário o Grupo Amaggi.
Se não, vejamos:
-- Os cargos-chaves do governo estadual estão nas mãos de executivos do Grupo Amaggi...
-- O primeiro consórcio rodoviário foi lançado em Sapezal – sede do Grupo Amaggi...
-- A “redenção” do Vale do Araguaia só acontece depois que uma das maiores fazendas da região foi adquirida pelo Grupo Amaggi...
-- A pavimentação do trecho Santa Elena (MT) ao Porto de Miritituba (PA) e a anunciada “privatização” da BR-163 tem como um dos consorciados o Grupo Amaggi...
Isto sem falar no empenho pessoal do governador no sentido de viabilizar a extensão dos trilhos da Ferronorte “até Rondonópolis” -- onde nasceu o Grupo Amaggi --, ligando esta cidade ao Porto de Santos (SP), onde está sendo construído o maior terminal graneleiro do país, que tem como sócio o Grupo Amaggi.
Uma de duas:
Ou estamos diante de uma raríssima, singularíssima sucessão de felizes coincidências – acontece; em Mato Grosso acontece...
...Ou diante de um escandaloso, descarado e bilionário caso de advocacia administrativa.
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Leitura dinâmica:
Papa manda inventariar e fotografar todo acervo artístico existentes nas igrejas, seminários e conventos...
Para dificultar a comercialização de obras de arte roubadas das instituições religiosas, mundo afora, claro.
Idêntica providência bem que deveria ser tomada pelos governos municipais, estaduais e federal, para evitar que, por distração ou engano, alguém acabe levando para casa obras como dois dos três primeiros quadros de Adir Sodré, pertencentes à Fundação Pro-Sol e à Fundação Cultural, ligeiramente desaparecidos...
Em tempo: Um dos quadros – o único legalmente em mão particular, pertencente ao acervo deste pobre marquês – está à venda e por qualquer 10 mil dólares estamos passando adiante.
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Para não dizer que a “Expedição Estradeiro” ao Vale do Araguaia não serviu para nada – o governador foi e voltou de mãos abanando...
...Serviu para detonar a especulação imobiliária na região, onde botinudos – mais exatamente a turma das de pelica – vem adquirindo áreas adoiado.
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Falar em Expedição Estradeiro...
Um vídeo de 40 minutos, bem ao estilo meloso, babão, do quadro “Esta é Sua Vida” do programa Sílvio Santos, foi o presente-surpresa reservado pela Secom de Mato Grosso ao governador Blairo Maggi, que completou 47 anos durante a recente “Expedição Estradeiro” -- a buliçosa viagem cenográfica de Bráulio Mággico ao Vale do Araguaia, onde Sua Excia foi e voltou de mãos vazias, vendendo ilusão, como nos “bons” tempos da Era Dantesca.
Para a produção do tal mimo, uma equipe foi deslocada ao Paraná e ao Rio Grande do Sul, para gravar depoimentos de pessoas que conheceram e para registrar imagens dos locais onde o novo governador de Mato Grosso nasceu e passou a infância.
Estão lá no vídeo -- apresentado às 22 horas do dia 29 de maio, no saguão do Hotel Casa Verde, em São José do Xingu -- depoimentos emocionados sobre o primeiro bercinho, o primeiro dentinho de leite, a primeira zorbinha – a gente nunca esquece --, a primeira comunhãozinha, a primeira caixinha de engraxate, a primeira sementinha, a primeira e única namoradinha, a primeira fazendinha, o primeiro milhãozinho de dólares e, evidentemente, a primeira botininha – o ícone da nova era.
Conter as lágrimas, quem há de?
As surpresas não pararam por aí.
Visivelmente eufórico por estar experimentando, pela primeira vez, o pó da estrada, o secretário de Comunicação estava impossível naquela noite memorável às margens do lendário Xingu.
Além do vídeo, na festinha improvisada, cometeu outra surpresa, revelando seus dotes de compositor, homenageando o chefe aniversariante com uma paródia da música “Estrada da Vida”, da dupla Milionário e José Rico -- rebatizada “Expedição da Vida”.
O titular da Secom fez questão de interpretar de viva voz sua composição de estréia no show-business, tendo Homero Pereira, secretário de Desenvolvimento Agrário e Helmute Lawish, primeiro-suplente de deputado federal pelo PFL, completando um desafinado trio, que esgoelava:
Nessa longa Expedição Estradeeeeeeeeirooo...
Meu governador não pode paraaaaaaaaaar-á...
A esperança que move Mato Grooooooooosso
É ver Blairo Maggi governaaaaaaaaaaaaaar-á...
Embora a intenção do “Trio Botina Dura” fosse outra, com cara de quem acabava de levar repetidos chutes no saco, Maggi suportou estoicamente cada estrofe, enquanto o secretário de Transportes, Luiz Antônio Pagot incorporava um Gugu básico e, como improvisado animador do auditório, apresentava o patrão -- sempre cercado por colegas latifundiários -- como o “Cavaleiro da Esperança”, uma canhestra e desaforada comparação com o líder comunista Luiz Carlos Prestes, que viveu e morreu sem jamais possuir um único palmo de terra ou casa para morar.
A expedição cenográfica de Bráulio Mággico ao Vale do Araguaia serviu, ainda, para revelar outros promissores talentos na arte de bajular e, sobretudo, novos “especialistas” em soja, reunidos da tal festa-surpresa.
Lourenberg Nunes Rocha, secretário de Ação Política, por exemplo, discorre agora a respeito da leguminosa com a mesmíssima desenvoltura com que fala sobre os monchões croados, emburrados e grupiaras de sua Poxoréo – a Capital do Diamante.
No clima do Fome Zero do companheiro Lula e afinadíssimo com o megacamarada Maggi – o Rei da Soja --, o chefe da Casa Militar, coronel Walter de Fátima, por sua vez, considera a expansão da cultura um “caso de segurança alimentar”, embora, na barriga do povão, a soja só compareça sob a forma de óleo de cozinha – que deve ser usado com moderação. Caso contrário, é caganeira na certa.
Nenhum deles, contudo, fala com tanta autoridade e reverencia o grão com mais respeito que um certo Claudiomiro, o representante da Imprensa Oficial do Estado na buliçosa comitiva.
Na tal festa, Claudiomiro virou uma sarna, tentando convencer dois senhores presentes à festa -- Carlitos Guimarães e Romon Flor -- a investir em soja, vaticinando que, “em dois anos”, no Vale do Araguaia – onde ficam as maiores agropecuárias do país -- não irá restar uma única cabeça de gado.
Segundo antecipa e garante, também em dois anos estará disponível uma nova cultivar de soja resistente à ferrugem – praga que a partir da última safra se transformou na principal dor de cabeça dos sojicultores e, de janeiro para cá, pelo que se nota, também do presidente da Imprensa Oficial.
Dispensável dizer que Romon Flor e Carlito Guimarães sairam da tal festa plenamente convencidos -- "preocupaaados" que ficaram com as catastróficas visões do neobotinudo no tocante à pecuária e tranqüilizados quanto ao rápido fim do flagelo representado pelo avanço da ferrugem da soja.
Em tempo: para encontrar Romon Flor, basta ir ao Leste de Mato Grosso; ao Sul do Pará, ao Oeste de Tocantins ou ao Norte de Goiás e perguntar pelo Rei do Gado..
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Francisco Lagos – o marqueteiro da campanha de Maggi – se habilitou literalmente no grito à concorrência que está sendo realizada pela Secom/MT.
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Mas como o negócio é puxar o saco...
...Passamos três dias e três noites insones para também fazer uma paródia do agradado da Turma da Botina.
“Vira a Bunda” – é este o título. Não ficou lá essas grandezas -- como “Expedição da Vida”, do secretário e compositor Geraldo Caixa Preta, mas foi o melhor que conseguimos.
Repare o e-leitor que, no sincero desejo de agradar, usamos deliberadamente um sucesso dos Mamonas Assassinas, porque, como se sabe, mamona também é uma oleaginosa que tem mil e uma utilidades, como a soja.
Prestenção, bugrada:
“Vira a Bunda” deve ser cantada com a mesma melodia da música Vira-Vira:
...
Vira-vira, vira-vira,
Vira a bunda e vem...
A Turma da Botina
Tá acertando a vida,
E não tem pra ninguém.
Oh, sojita, oh sojita, oh sojita,
Como brota e cresce bonita
E quanto mais ela espalha
Esse raio de botina atrapalha
Vira-vira, vira-vira,
Vira a bunda e vem...
A Turma da Botina
Tá acertando a vida,
E não tem pra ninguém.
...
Vamos ver se depois desses afagos, a Secom decide programar também aqui todas as publicidades que o governo veicula nos demais sites. Afinal, o secretário e nós agora somos colegas – colegas compositores – o que imaginamos deva facilitar as coisas...
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Está tudo acertado: no final do ano o conselheiro Júlio Campos será eleito o novo presidente do TCE, mas não vai permanecer muito tempo no cargo. Sai em licença “para tratamento de saúde”, logo depois da posse, cedendo o posto ao primo Ary Leite de Campos – o vice na chapa.
A dobradinha já tem assegurados os votos do atual presidente Branco de Barros – primo de Júlio e Ary -- e o do conselheiro Ubiratan Spinelli, indicado por Jaime Campos para o TCE, somando 4 de um total de 7.
A arreglo visa serenar os ânimos e acomodar os interesses políticos da família Campos, em Várzea Grande, na eleição de 2004.
Júlio Campos perde a presidência do TCE, mas mantém as mordomias e antecipa o début político do filho -- Júlio Neto --, para 2004, com a pretensão de ser o mais votado e de eleger-se presidente da Câmara Municipal, de onde espera chegar à Assembléia, em 2006...
Ary Campos herda a presidência do TCE, mas com a condição de abortar a candidatura do filho -- Campos Neto --, para a prefeitura, sonho que fica adiado para 2.008...
E o prefeito Jaime Campos recolhe o flap do filho – Jaiminho --, também pré-candidato a vereador, mas fica livre para lançar o nome do médico Arilson Arruda, secretário municipal de Saúde, que não faz parte do clã, mas é da mais absoluta confiança.
Os primos Júlio e Ary consideram Arruda um nome muito difícil de carregar, mas Jaime Campos acha que é capaz de eleger até um poste, mesmo tendo como adversário o ex-deputado federal Murilo Domingos, agora no PPS e que, pelo menos em tese, terá o apoio do governador Blairo Maggi.
Jaime precisa fazer o sucessor para sinalizar para Maggi – candidato à reeleição --, e também para o prefeito da Capital, Roberto França (PPS) e para o deputado federal Pedro Henry (PPB) -- ambos pré-candidatos à única vaga do Senado que estará em disputa em 2006 -- que tem cacife e que está no páreo, tanto para uma coisa como para outra.
Particularmente – e vamos repetir opinião que já expressamos aqui no Site Bom --, Jaime Campos está mais “para outra”, ou seja, sai candidato ao Senado – a menos que o governador Blairo Maggi desista de tentar a reeleição.
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Aviso aos navegantes:
Em razão de mudanças no sistema de navegação do Site Bom – é preciso mexer na tripa do bicho – pelo menos até julho estará comprometida a atualização, que poderá deixar de ser feita com a regularidade habitual.
Por conta do excesso de receita publicitária – sacumé, as agências se borram de medo do governo --, a partir de julho seremos obrigados a fechar parte do conteúdo – mais especificamente as seções Críticas Construtivas, Curto&Grosso e uma nova coluna “Serviço Reservado” --, para excesso exclusivo a assinantes.
Enquanto não fica pronto o sistema, quem quiser providenciar a assinatura anual pode fazê-lo desde já, depositando 50 reais (pessoas normais) ou 25 reais (jornalistas, estudantes da área de comunicação, poetas e seres afins), na Conta Poupança 5554-9 – Agência 3325-1 do Banco do Brasil.
Depois, é só entrar em contato com fazperereca@yahoo.com.br para confirmar o e-mail do depositante.
Mas essa não é a melhor parte: o e-leitor que pagar a assinatura agora ganha dois meses de bonificação.
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