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Cuiabá MT, 23/11/2024
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Curto&Grosso O que ainda será manchete


CURTO & GROSSO

Inscreva nosso RSSEdição de 09/05/2005

Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br


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O avanço da soja em Mato Grosso não se resume ao Cerrado, Amazônia e bordas do Pantanal, além das – pelo menos até agora – frustradas tentativas de “arrendamento” de áreas indígenas.

A voracidade por mais terras não poupa nem mesmo áreas ocupadas por culturas perenes, como as plantações de seringueiras financiadas nas décadas de 70 e 80, através do Programa de Incentivo à Produção de Borracha Natural – PROBOR.

Mais grave:

As árvores estão sendo derrubadas, enleiradas, queimadas e substituídas por lavouras de soja, justamente quando atingem o estágio ideal de produção de látex, principalmente na região polarizada pelo município de São José do Rio Claro – cidade conhecida, não se sabe até quando, como a “Capital da Borracha”.

Mais grave, ainda:

Na região onde os seringais estão sendo devastados, entre as centenas de milhares de mudas plantadas com financiamento público a prazo de égua, uma delas se revelou um fenômeno: cresceu e apresentou um rendimento três vezes mais rápido e maior que as demais.

Esta variedade espontânea – denominada JBS, em homenagem a José Berto Sobrinho, proprietário do pequeno sítio em que foi localizada, em São José do Rio Claro --, não despertou o menor entusiasmo da parte de quem de direito.

Nos Cadernos da Terra, que editamos em meados da década de 80, fizemos uma reportagem a respeito e constatamos que nem o País, nem o Estado, nem o proprietário da área tiraram o menor proveito da seringueira-prodígio, pois fomos encontrar o “portador” da sigla JBS, trabalhando como guarda-noturno em Várzea Grande, depois de vender seu pedaço de terra em São José do Rio Claro.

Não seria nenhuma leviandade supor que, a estas alturas, também a variedade JBS -- um verdadeiro tesouro genético --, tenha virado cinzas. Afinal, estamos naquele país onde acontece coisa que até no Paraguai dá cadeia e também onde o único tipo de ¨pesquisa¨ que interessa à elite dominante é a de intenção de voto -- forjada, de preferência.

O Probor foi idealizado com o duplo objetivo de oferecer alternativa de renda permanente aos pequenos proprietários rurais nas frentes pioneiras e de reduzir a dependência nacional desta matéria-prima estratégica, já que o Brasil – que já foi o maior produtor mundial, até o início do século XX – importa da Malásia mais da metade da borracha natural que consome.

Em Mato Grosso -- onde foram despejados milhões de dólares através do Probor --, o processo foi comandado pelo então presidente da Emater, Jonas Pinheiro, período em que este “ganhou a confiança”, vamos dizer assim, da classe produtora rural que lhe deu sucessivos mandatos no Congresso Nacional, onde hoje se destaca como o “Senador do Agronegócio” -- principalmente do agronegócio da soja, que agora está devorando sua primeira base eleitoral: os pequenos produtores.

Difícil imaginar sob qual “justificativa” está se privilegiando a substituição de uma cultura perene estratégica, em demanda crescente, que fixa o homem à terra e lhe proporciona uma renda permanente – a seringueira, por uma cultura sazonal –- a soja, que só enriquece uma meia-dúzia e que nem o país de onde é originária, a China, se dá ao trabalho de plantar, para poupar suas terras.

Quem a tiver, que apresente a resposta.



Leia amanhã, no Super Site Good:

Sem mandato e bem longe do Erário público,
caciques de MT agora vivem de fazer marola







   

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Comentários dos Leitores
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Comentário de Copriva (apcopriva@bol.com.br)
Em 09/05/2005, 17h42
Chamem o Ladrão!
Mais grave que isso só trombada de Boeing. É preciso, caro Vila, acabar com essa "sojeira" que se espraia em "plantations" que semeiam a fome ao lado da abundância. E mete a-bundân-cia nisso! Nossas ditas elites, como sempre, desde o Império, aplaudem até soluço pra lá do oceano enquanto viram suas bundas pro Brasil. Garimpo triste, né mesmo?

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