“Leis são como salsichas. É melhor não ver como elas são feitas” -- Otto Leopold Eduard von Bismarck-Schönhausen, diplomata e político prussiano do século XIX. Há controvérsias. A frase correta seria “Leis e jornais são como salsichas"...
Quer dizer, a fama das "salgadeiras" -- e da classe dos filhos da pauta -- é péssima e não é de hoje. Não surpreende, portanto, o que veio a lume somente agora com a "Operação Carne Fraca", deflagrada pela PF na pluviosa manhã da última sexta-feira, 17.
O que realmente espanta é que a ação autorizada pela Justiça Federal colocou os "meninos" na rua após dois anos de investigações, isto é: nesse período todo crianças de escola engoliram na merenda, entre outros "obejetos", até substâncias cancerígenas.
E o que mais revolta é que os alvos foram apenas arraias miúdas, os bagrinhos, enquanto os vorazes tubarões -- os tais "campeões nacionais" paridos por Lula e gostosamente amamentados por Dilma, a Mulher Sapiens, sequer foram molestados em suas mansões.
Cadê os irmãos Batista, que de um açougue em Anápolis, Goiás, hoje figuram entre as maiores fortunas destepaíz, que acordaram anteontem no horário habitual; o mesmo se dando com picas-grossas, do naipe de Henrique Meirelles e Pratini de Moraes???
Para quem não ligou nomes aos cargos, o primeiro foi presidente do BC e fiador, junto dazelite, na Era PT e, logo depoizinho, o mais rombudo membro do conselho de administração do "congromelado" Perdigão/Sadia, antes de ser guindado por Temer à Fazenda.
Pratini de Moraes foi ministro da Indústria e Comércios de trocentos governos, desde a "Redentora", e durante um longo tempo batia ponto como principal operador, no Brasil e no exterior, do venturoso -- e bota "venturoso", nisto! -- grupo JBS/Friboi/BNDES.
Chega a ser comovente o esforço no sentido de descarregar toda a culpa em um reles fiscal agropecuário, Juarez José Santana, cujo patrimônio se resume a duas franquias da rede Subway em Londrina -- uma delas na avenida... Higienópolis.
Um casalzinho de parênteses. Abre: o e-leitor deve ter notado que, há algumas luas, descartamos no "Tacuru do Saite Bão", às 08:30, receitas com carnes bovina, "avina" e "porcina". Nada de premonição, é claro. Respeito à "Coresma". Fecha.
Voltando ao lugarzinho onde a porca torce o rabo. É ridícula a participação de ex-Soja Mejestade no rumoroso caso. "Foi obrigado", na versão da "Valorosa", a interromper férias de dez dias, tamanha a preocupação do Menininho Mimadinho. Que dozinha!
Ora... ora... ora... ora! Desde o revéião este animal não faz porra alguma e assim ficamos sabendo que, não bastasse a folga de Carnaval emendada com um recesso branco na Esplanada que terminou na última segunda, o cara ainda está cansadinho. Francamente!
Igualmente de ganir o "vasto conhecimento de causa" do secretário-geral do Ministério da Agricultura, o marechal Kojaki. No Jornal Nacional chamou de "Jaguará" a cidade catarinense de Jaraguá do Sul, onde se situa uma das plantas lacradas.
Pelo que se percebe, Bláulio Mággico e o alto comando de sua tropa estão "na artura" da função ao tentar tirar os seuzinhos da seringa e minimizar a ocorrência ao enfatizar que a atuação de sua sua pasta no quesito em tela é “forte, robusta e séria”.
Por certo, chefe e chefete não entram em supermercado há alguns porrilhões de anos, pois basta conferir que neste exato momento estão em oferta, nas gôndolas de frios, lotes de frangos congelados em embalagem comemorativa da Olimpíada no Rio.
Considerando-se que o troço está lá em promoção há mais janeiros que pena e filhote de dinossauro conservados em âmbar, sem mais considerandos o semovente acha que somos um bando de idiotas que ele pode passar a perna. Como já fez com a Santa.
O Inferno vem antes: com o avanço da Operação Lava Jato e a entrega ao Supremo da Lista de Janot, na qual há pedidos de abertura de inquérito sobre 107 pessoas – todas, de alguma forma, poderosas – Brasília parou.
A investigação, baseada sobretudo em grampos da PF, identificou carnes com salmonela, podres e vencidas, o uso de ácido ascórbico, uma substância cancerígena, para “maquiar” produtos, além do uso de carne de cabeça de porco na produção de linguiças e até o suposto uso de papelão para reforçar a mistura transformada em salsicha.
Segundo o embaixador da União Europeia em Brasília, João Gomes Cravinhos, se as explicações a serem fornecidas neste fim de semana pelo Ministério da Agricultura sobre o funcionamento do sistema sanitário brasileiro não forem suficientes, o bloco poderá suspender as importações.
— A UE quer saber, neste momento, quantos navios que estão a caminho da Europa levam de carne bovina e de frango do Brasil.