É cedo para o Palácio do Planalto e as lideranças governistas subestimarem o poder de mobilização da greve geral e dos protestos contra a reforma da Previdência na intenção de votos dos deputados.
Mas o que já é certo é que as manifestações conseguiram aumentar a pressão por uma nova onda de exigências de setores específicos que têm conseguido apoio parlamentar para travarem uma queda de braço sem fim.
Boa parte dessas exigências tem pouca ou nenhuma relação com a Proposta de Emenda à Constituição enviada ao Congresso. Mesmo assim, as corporações têm conseguido êxito.
Antevendo riscos, é o próprio governo que tem chamado para conversar. Em muitos casos, o presidente tem entrado em campo diretamente para negociar.
Foi o que aconteceu com os representantes da bancada ruralista, que querem dar fim ao Funrural com o perdão da contribuição que deixou de ser paga nos últimos anos.
Anistia que não se justifica justamente porque o Supremo Tribunal Federal declarou há um mês constitucional a cobrança.
O governo do presidente Michel Temer prepara medida provisória (MP) em diferentes matérias para agradar à base aliada e tentar ganhar fôlego na busca pelos 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência.
Uma das iniciativas trará uma solução para a polêmica em torno da dívida do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), pago por produtores rurais e que equivale à contribuição previdenciária.
Também são elaboradas permissões para o parcelamento de débitos previdenciários das prefeituras e para a redistribuição de recursos do Fundeb, fundo para o financiamento da educação básica.
Embora sejam questões alheias às discussões sobre a Previdência, as MPs em preparo pelo governo envolvem ruralistas, prefeitos e governadores, que têm influência sobre as bancadas parlamentares.
Ontem, durante a ExpoZebu, em Uberaba, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, afirmou que o governo vai enviar a minuta da MP para a avaliação da entidade de produtores.
Como era previsível, milhões de trabalhadores tiveram de aderir compulsoriamente à tal “greve geral” convocada pelas centrais sindicais para protestar contra as reformas trabalhista e previdenciária. A título de defender os direitos desses mesmos trabalhadores, os sindicalistas cassaram-lhes o elementar direito de trabalhar, por meio da paralisação dos transportes coletivos.
E aqueles que tentaram chegar ao trabalho de outras maneiras foram igualmente impedidos ou tiveram imensa dificuldade graças ao bloqueio criminoso de ruas, avenidas e estradas realizado por “movimentos sociais” que se comportam como bandos de delinquentes.
Lula e o PT apelaram ao embuste, transformando em “grevistas” os cidadãos impedidos de trabalhar pelo gangsterismo sindical, porque sabem que não lhes restam muitas alternativas – num cenário em que o outrora poderoso partido luta para não se transformar em nanico nas próximas eleições e em que o demiurgo petista tem mais chance de ir para a cadeia do que para o Palácio do Planalto.
A bola só rola amanhã às 15:00/MT, mas o apoio começará bem mais cedo, desde a chegada do "Gorilão" - ônibus que leva a delegação alvinegra, com um corredor preto e branco de sinalizadores.
A chamada greve geral convocada contra as reformas da Previdência e trabalhista foi um retrato dos interesses que se sentem contrariados com as mudanças. São grupos que defendem a manutenção de vantagens de sindicatos e de segmentos da máquina do estado que se beneficiam de ganhos na aposentadoria e nos salários.
Protestos foram realizados, mas o País não parou. Os sindicalistas se dividiram em pequenos grupos, para ações pontuais, insuficientes para tornar realidade a prometida “greve geral”.