O diretor da JBS Ricardo Saud contou em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República que as doações ilícitas foram de quase R$ 600 milhões. O grosso dos recursos, segundo ao delator, foi destinado aos candidatos em troca de contrapartidas no setor público.
Segundo o delator Joesley Batista, o dinheiro foi utilizado para financiar campanhas políticas de partidos e candidatos elencados pelo ex-ministro Guido Mantega.
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PRESTENÇÃO!!!
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VÔOOTE!!!
O vazamento de parte da delação do empresário Joesley Batista para a imprensa não foi um acidente. É preciso destacar, no entanto, o modus operandi do vazamento. A versão que certamente interessava ao vazador, portanto, se impôs.
Até mesmo uma conversa informal, na qual Temer teria confidenciado a Joesley Batista que a taxa de juros estava para cair – o que qualquer pessoa medianamente inteirada da conjuntura já imaginava –, está sendo interpretada como tráfico de informação privilegiada.
Enquanto isso, fica em segundo plano o fato de que Joesley Batista e outros delatores sairão praticamente livres, pagando multas irrisórias, embora tenham cometido – e confessado! – cabeludos crimes.
Ontem, após a divulgação das delações, foram publicadas notícias na imprensa de que o frigorífico teria se beneficiado por saber previamente que o escândalo estouraria e que teria reflexos nas ações da empresa e no câmbio.
O empresário Joesley Batista colocou um gravador, clandestinamente, no bolso do paletó, e foi “conversar” com o presidente da República. Qual seria a sua intenção?
Preservar a memória de sua empresa e depois dispor de informações para um livro, peça de museu, ou algo parecido?
Ou, tirar proveito dessa excrescência jurídica, que é a delação premiada, sem regras rígidas de responsabilização instantâneas, que punam aqueles que busquem tirar proveito próprio, incriminando terceiros?
Dez de maio de 2017, em Curitiba. O juiz Moro, na série de questões sobre a influência de Lula na Petrobras, pergunta a respeito da refinaria do Nordeste, especialmente se o ex-presidente sabia por que custava tão mais caro do que o previsto. Lula: Não sei. Acrescentou que a estatal era independente.
17 de setembro de 2009. Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, Lula conta que a Petrobras lhe apresentara um plano adiando investimento e sem previsão de novas refinarias.
E o que fez o então presidente? “Convoquei o Conselho da Petrobras...”, responde Lula, direto. Resultado, não uma, mas quatro refinarias projetadas, inclusive aquela do Nordeste, da qual Lula fazia questão.
No governo, enquanto dure, o plano é tocar a vida. Em primeiro lugar, "dar liquidez" ao mercado, fazer negócios no lugar de quem correu de medo ou desespero, comprando e vendendo títulos ou dólares de modo que as taxas de juros e o câmbio não disparem por falta de oferta ou procura, remédio normal.
Todos sabem que os irmãos Joesley e Wesley Batista eram íntimos e grandes beneficiários do regime petista. Aliás, dava-se de barato: querem pegar o PT? Então peguem a JBS.
A coisa ganhou até tradução popular. Que jornalista não foi indagado no táxi sobre uma suposta fazenda de Lulinha, em sociedade com a JBS? Que se saiba, tudo conversa mole. Nunca houve.
Mas a dupla caiu na rede da Lava Jato. Os irmãos foram assediados pela força-tarefa. Sabe-se lá com quantas ameaças. Como não devem ter memória muito limpa do que fizeram nos verões passados, resolveram "colaborar".
Mas não com uma delação premiada no molde Marcelo Odebrecht. Não! Empregou-se a tática aplicada no caso Sérgio Machado, aquele que se dispôs a gravar peixões da República. Com a mesma generosidade.
Em troca, os filhos de Machado nem processados foram. O criminoso pegou dois anos e três meses de cadeia em sua mansão, em Fortaleza. Aos irmãos Batista se ofereceu ainda mais.
No momento em que escrevo está tudo muito confuso. Concordo com a ideia de que o Brasil entrou numa rota de incerteza. Mas existem algumas bússolas, ainda que precárias.
Em alguns artigos afirmei que a difícil tarefa de Temer consistia em jogar ao mar os que fossem envolvidos na Lava Jato e saber, com precisão, se em algum momento ele também teria de se lançar na água.
Pois bem, chegou a hora. Temer deve abandonar o barco. O momento é ruim porque uma tímida recuperação aparecia no horizonte.
Os fatos são escabrosos, os jornalistas tendem a uma certa hesitação, o momento é de tatear num quarto escuro em busca de uma tomada de luz.
Embora, como afirmei, seja correta a expressão rota de incerteza, a bússola constitucional está aí, assim como existem algumas ideias que possam tirar-nos desta maré baixa.
Na avaliação dos aliados do governo, o trecho mais grave da conversa de 39 minutos de Michel Temer com Joesley Batista, é quando o presidente destaca um deputado ligado a ele, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), para “ajudar a destravar” problemas do Grupo JBS no Cade, órgão que investiga cartéis.
Desse contato com Loures resultou o acerto de propina (da usina termelétrica Pantanal, em Cuiabá) que é recorde na história da corrupção em todo o mundo: R$500 mil semanais por vinte anos, totalizando R$480 milhões.