A indústria de transformação no Pantanal de Cáceres vem de outros carnavais -- ou "entrudos". A fazenda Descalvados, no século XIX, exportava carne seca para a Europa e, na Usina da Ressaca, então pertencente à família Villa Nova Torres, na virada dos XIX/XX, produzia-se o "assúcar" e a aguardente que adoçava o bico e enchia a cara da bugrada.

Daqueles bãos tempos a esta parte houve um paradeira geral no "quesito", fugaz exceção ao final da década de 70, quando o governador Garcia Neto lançou o programa de implantação de Distritos Industriais nos eixos Cuiabá/VG, Rondonópolis, Barra do Garças e, claro, na Princesinha do Paraguai, sendo que só os dois primeiros firmaram no arreio.

Na década de 80, o prefeito Ivo Scaff, para dar um "up" no DI e turbinar a navegação no trecho até Corumbá, idealizou o Porto de Morrinhos, ideia retomada há coisa de 25 anos, desta feita no embalo da tal ZPE. Virou piada e depois tragicomédia com a delirante "retificação" do rio Paraguai -- uma das tantas maluquices do ainda (?!!!) miministro Maggi.

Em tempo: a região do futuroso porto é denominada "Santo Antonio das Lendas", mas pode-se chamar de "lugarzinho mardito". O que se projeta para o local dá em "zica", apesar do parecer encomendado -- e bota "encomendado" nisto! -- a consultoria do Paraná paga pelo "selviço" de concluir pela viabilidade econômica da hidrovia, se "endireitada".

O fato é que tem-se verificado desde então uma sucessão de urucas. Todas as empreiteiras interessadas na implantação da Zona foram desclassificadas, o caso foi parar na Justiça, e dos pouquíssimos empreendedores que toparam se mudar para lá de caniço e samburá -- entre os quais uma fábrica de tintas -- depois de certos "boatos", estão cabreiros.

Não é difícil imaginar as consequências do naufrágio de um rebocador, com suas barcaças lotadas de tinta a óleo e acrílicas num bioma tão frágil como o pantaneiro ou -- Jesus, Maria, José! -- toneladas e toneladas de inseticida ou, ainda, um comboio até no guampa de GLP ou "gás de cozinha", o que explica o silêncio cúmplice do Grupo Zahran e suas TVs.