Mato Grosso está perto de ser entregue de porteira fechada à impoluta família Maggi. O Menininho Mimadinho do Vale do Rio Bostinha, com sua voraz trading de reputação e origem altamente duvidosas -- uma das campeãs nacionais da Era Lula -- domina a compra de grãos e controla todas as saídas da produção agrícola por via fluvial, e agora, a outrora briosa Associação de Criadores de Mato Grosso, Acrimat, no mais tresloucado gesto da atual diretoria, quer tangir para o brete do grupo também o maior rebanho destepaíz.
Sem ofensa aos asininos, tal ideia de jerico -- a de reunir um seleto grupo de associados -- os irmãos "Chucky" Maggi, Eraí e Fernando Scheffer, à frente, claro -- para arrematar ou arrendar, com opção de compra, as plantas frigoríficas do grupo JBS/Friboi, atualmente desativadas no Estado, vai contra tudo o que se combateu ao longo dos quase sessenta janeiros da entidade -- o monopólio do mercado comprador -- e em desfavor do que sempre defendeu -- o incentivo aos pequenos e médios abatedouros, regionalizados.
Trocando em miúdos: na prática, a covarde rendição da Acrimat fomenta o oligopólio do agro em Mato Grosso. Pelo desavergonhado apoio a qualquer governo -- "melhor que este, só o próximo" é o lema que os primos e o próprio ministro professam, a ponto do senhor Eraí Maggi Scheffer deixar os esparsos fiapos de barba crescer e passar a vestir camisas "vermêio-cupanhêru" até entrar no Conselhão da República, com direito a espichados jantares a luz de velas com a Mulher Sapiens no Palácio da Alvorada.
Basta cotejar o noticiário a respeito das recorrentes tertúlias: no dia seguinte, enlevada, ela produzia suas inesquecíveis "pérolas" -- reverberações, por certo do "papo-cabeça" entre os dois, pois é segredo público, a se louvar no linguajar que o putativo e futuroso "Rei da Carne" emprega em suas entrevistas, que provoca "menas" hematomas pelo corpo, sacolejos no fígado e danos ao "célebro" trocar murros com Mike Tyssson que um brejeiro bate-papo com o elemento paparicado como guru por Dilma Rousseff.
Ora, quem tem essa capacidade de se insinuar na cúpula de uma tribo, a dos petralhas, que o rejeita por pertencer "azelite latifundiária"; de mijar com a porta aberta no gabinete da presidenta, para auferir vantagens -- pelo bem do pooovo e felicidade geral da Nação que não era -- imagine com quem tem laços de sangue a tiracolo e cujo cargo faculta a entrada, sem pedir licença, em qualquer banco público e tratar como subalternos aqueles que serão encarregados de fiscalizá-lo, se chegarem a bom termo as tratativas com os Batista...
Imagine mais: se a dupla goiana Wesley & Joesley, dona da JBS/Friboi, a maior processadora de carnes do "praneta" -- mesmo depois de "punidos" com dinheirinho de pinga, por conta de uma delação premium pra lá de cavernosa -- hoje está empurrando a boiaderama com a barriga com a promessa de pagar mais caro a arroba de boi em pé e ninguém quer entregar o gado por medo de "levar manta", o que estará reservado se o grupo mudar de mãozinhas? Se não pagar adiantado, bão futuro certamente não é.
Se o governo dependia do PSDB para definir seu futuro, terá de se conformar com a indefinição. Os tucanos superaram a si mesmos ao levar a ambiguidade a patamares inéditos.
Continuam no governo, mas já recorreram ao STF contra o próprio governo, pedindo que reveja a absolvição pelo TSE da chapa Dilma-Temer.
A situação está de vaca não conhecer bezerro. Esta velha imagem nordestina, muito usada na política, é a que melhor define o quadro atual. Basta ver que os partidos políticos, que já perderam o rumo há muito tempo, agora começam a defender posições opostas às que sempre defenderam, mais perdidos do que cego em tiroteio, outra expressão popular muito conhecida.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, depois de muitas idas e vindas que atribui às fortes tensões que afetam a política nacional, resolveu agora defender a antecipação das eleições diretas para a Presidência. E o PT está querendo ir ao Supremo defender a tese de que não é preciso aval da Câmara para que um presidente da República seja processado, como prevê o artigo 86 da Constituição.
Um dos empresários que capitanearam o movimento em defesa do impeachment de Dilma Rousseff, no ano passado, o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, afirma que a delação da JBS, que jogou o governo Michel Temer em uma crise política e colocou em risco a aprovação das reformas previdenciária e trabalhista, é uma prova de que o crime, nesse caso, compensou.