O debate de ontem no Tribunal Superior Eleitoral, que teve como protagonistas Herman Benjamin, relator da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, e Gilmar Mendes, presidente do tribunal — com participações laterais, mas importantes, em ambos os polos —, exibiu um mérito inegável: opôs duas visões de direito.
Ou, para ser mais preciso: opôs uma concepção que tem espinha dorsal, a expressa por Mendes, e outra, que dá mais atenção ao alarido do que à letra da lei — nesse segundo caso, estamos falando do gelatinoso terreno do chamado “interesse público”, em nome do qual muitos crimes se cometem.
Não é de hoje que a produção de commodities agrícolas garante a segurança alimentar das pessoas ao redor do mundo. É milenar a labuta no transporte delas. Vem dos tempos dos fenícios. Aliás, não deixa de ser intrigante a semelhança das ânforas, vasos e utensílios daquela época -- até nos arabescos em alto e baixo relevos --, com os das cerâmicas marajoara e tapajônica.
Cá nos trópicos a presença desse modelito de navegação lançou âncora com a Companhia das Índias Ocidentais e, em tempos historicamente bem mais próximos, com a Companhia de Navegação do Grão-Pará, tentáculo da primeira, que chegava até Santo Antonio do Rio Madeira, atual Porto Velho, então território da Província de Matto Grosso, após aportar em Santarém e Itacoatiara.
Para quem não sabe, a Companhia das Índias Orientais, que monopolizava o comércio de especiarias -- canela, cravo, noz-moscada, pimenta-do-reino -- utilizadas para não deixar a carne "reimosa", atualmente, atende por um nome bastante familiar aos nossos produtores de grãos: Büng, com sede em Amsterdam. Já havia peperecado por Olinda e Recife, de olho no açúcar, financiando a Invasão Holandesa.
Bandeou-se deste lado de baixo do Equador, não somente porque a patriçaiada acabou expulsa. Maurício de Nassau já havia tomado tal decisão antes, por conta do episódio do boi voador. Nos Estados Unidos, a companhia comprou uma ilha, Manhatan, em Nova York, onde até a presente data funciona a filial local, diante de uma área em que foi preservada a vegetação nativa, chamada Central Park.
O que estamos querendo dizer com isto? Em sua essência, as tradings do agro não são de todo más, pelo menos no tocante ao meio ambiente. A coisa só degringolou após ingressar no clube o senhor Blairo Borges Maggi -- aquele que não teve berço. Ainda agorinha anda tramando outra das suas, desta feita para dizimar o Pantanal, seu antigo sonho. Só caprichou mais na embalagem do pechisbeque.
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VÔOOTE!!!
Em busca de agendas positivas em meio à crise política, o presidente Michel Temer pediu ao Congresso que acelere a aprovação de projeto que autoriza bancos oficiais a concederem empréstimos subsidiados para santas casas de misericórdia e outras instituições filantrópicas.
Assim como no crédito rural, a proposta de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), prevê que o governo deverá cobrir a diferença entre a taxa de juros subsidiada que as filantrópicas pagarão e o custo do dinheiro para os bancos, a chamada equalização.
Está para ser consumada, hoje, quinta, uma das maiores desfaçatez chancelada por um tribunal superior de justiça: a exclusão de provas colhidas para o julgamento de ações que pedem a impugnação da chapa Dilma-Temer, acusada de ter abusado do poder político e do poder econômico em 2014.