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RELEITURA

Ninguém sabe de nada, ¨não podemos trabalhar¨
08/12/2006 - Hélio Fernandes*


Falta comando na terra e no céu, só Deus poderá resolver

Ontem, em Salvador, um incêndio não de grande proporções. Todo incêndio é assustador, esse quase destruía a Ordem Terceira do Carmo, de mais de 200 anos. Atingiu fortemente um belo casarão tombado, que não pôde ser salvo. Mas o que deu repercussão nacional a esse incêndio foi o desânimo de um bombeiro: ¨Nada funciona, não há um pingo d´água, é impossível trabalhar¨. Isso ultrapassava o local.

E se constitui num retrato-pôster do que acontece no Brasil, diariamente. Nada funciona, disse o bombeiro, ninguém pode trabalhar. Em todos os pontos do Brasil, no chão e nos céus, incompetência, imprudência, imprevidência, caos que ninguém sabe de onde vem e quando acabará.

Não há como fugir do grande exemplo: a aviação civil. Ia tudo muito bem, perdão, aparentemente muito bem, quando surpreendentemente, por causa do desastre com o avião da Gol, tudo desmoronou. Há mais de 60 dias não se trata de outra coisa, e nisso os órgãos de divulgação estão corretíssimos. A repercussão no exterior, desastrosa, a palavra é essa, pois a realidade desconhecida surgiu a partir de um desastre.

Mas esse desastre teve alguma importância na chamada crise da aviação civil? Foi essa crise que provocou o desastre? Já existia a falta de diálogo entre civis e militares, descontrolados entre eles, embora os dois lados se dissessem controladores? Agora, com toda indicação de que seja uma forma de livrar o governo, surge essa absurda acusação de sabotagem. Mas quem acusam de sabotagem, numa manobra visivelmente de fuga da responsabilidade?

Logo que surgiu o problema, que ganhou extensão e repercussão por ausência de liderança, aqui mesmo, em 2 dias, coloquei todo o problema, mostrei as divergências não entre controladores e a Infraero, e sim entre o ministro da Defesa, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Bueno, e toda a classe militar (Exército, Marinha e Aeronáutica).

Mostrei com fatos rigorosamente irrefutáveis que o ministro da Defesa não se agüentaria. O problema era encontrar um substituto que agradasse à FAB, que retirasse o ministro da Defesa desse choque de interesses ou de atribuições. Ou usando a expressão corretíssima: AUSÊNCIA TOTAL DE COMANDO.

Quando afirmei com todas as letras e palavras, Waldir Pires não continuará ministro da Defesa, era apenas exame da situação e conclusão do analisado. Mas tentar derrubar o ministro (que sabe que vai sair), por que num domingo estava assistindo a um show de Maria Betania e não viu um programa de televisão? Fantástico.

Falta pulso, autoridade, comando, capacidade de decidir. Quando no poderoso presidencialismo o presidente abdica de ordenar e se fazer obedecer, não há salvação. No parlamentarismo, pelo menos existe o ¨voto de confiança¨, menos traumático e demorado do que o impeachment. Esse ¨voto¨, definitivo e elucidativo. Os representantes do povo, em votação aberta e direta, derrubam o primeiro-ministro, por indicação do presidente da República, escolhem outro. Também pelo voto.

Quando o presidente se omite, quase todos se refugiam nessa omissão. O brigadeiro Bueno assumiu como comandante da Aeronáutica com todos os Poderes e aplausos. Desapareceu, ninguém fala mais nele. O que terá acontecido? Mas temos que reconhecer: a crise dos vôos é o desencontro dos Três Poderes com o povo, a descrença do povo nos Três Poderes, o desacerto dos governantes com eles mesmos. Antigamente se dizia: ¨O Brasil está à beira do abismo¨. Agora, mergulhou nele.

PS - Quero defender Tarso Genro, ministro das Relações Institucionais, responsável (?) pelo setor. Dizem que viajou insensatamente para Roma na hora da crise. Injustiça. O ministro viajou num ato de coragem, para mostrar a todos o seu desprendimento entrando num avião. Para Tarso Genro, a aviação existe e voa.

...

*Transcrito da edição de hoje do jornal ¨Tribuna da Imprensa¨

  

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