A privatização e/ou concessão dos serviços de captação, tratamento, distribuição de água e a universalização da coleta de esgoto tem sido um dos temas recorrentes neste período que precede a realização do segundo turno da eleição 2016 nestas Minas da Villa Real de São Bão Jesus do Cuyabá.
Candidatos, marqueteiros, bate-paus e a valorosa imprensa ocupam-se do assunto, porém, tendo o cuidado de passar ao largo do fulcro da "qüestã", ou seja, do modelo adotado para se livrar de ativos públicos e, sobretudo, dos interesses nada cristalinos dos principais atores envolvidos no processo.
Nestepaíz, vale o princípio da melhor oferta, do maior ágio e do tempo pré-determinado -- geralmente, 30 anos, com direito a "dobrar a meta" -- o que concorre para, de cara, descapitalizar o investidor, jogar para as calendas a resolução do problema, majorar o preço e clarear o pixuleco estatutário.
O correto seria sagrar-se vencedor quem desembolsa pouco ou quase nada, e se propõe a realizar a tarefa rapidinho igual a um coelhinho, sem prorrogação. Ganham, assim, o cidadão, em qualidade de vida; a cidade, com a redução do custo-saúde e, claro, o empreendedor -- que ninguém é de ferro.
Exemplo emblemático foi a privatização da Cemat, em 1997, por quase R$ 400 milhões à época -- 391 mi, para sermos exatos. O dinheiro se foi à velocidade da luz, o serviço piorou, até que em 2014 o Grupo Rede, o comprador, acabou passando adiante o negócio por R$ 0,99 -- o valor de mercado.
No caso da Sanecap a coisa foi mais carvernosa. As tratativas tiveram início no primeiro mandato de W$ na Prefeitura -- não se articula isso do dia para a noite -- e foi concretizado no mandato-tampão do vice Chico Galindo. Também entrou uma nota preta no Erário, que evaporou e não se traduziu em melhorias.
Temos pela proa duas cavalgaduras: o hominho porcaria que agora se diz privatista -- nunca deixou de ser, é tucano --, e Pés de Barro, guia às avessas de Nenéo Pinheiro, que bate o pezinho pela concessão, "indeusde" que seja para a Sabesp, onde foi conselheiro-fantasma, no governo José Serra.
Registre-se que o mentiroso militante e caloteiro praticante -- remember aqui a histórica retomada do cloro e dutos -- igualmente não ficou na chapada após abandonar o Alencastro para ser surrado por Silval Barbosa em 2010: virou um "aparelhado" de Aécio Neves no Conselho de Administração da Cemig.
Decantado tudo, apesar de tantas e tão "sinceras" declarações de amor a esta
Terra Agarrativa e Bela, o fato é que tal
dupla de embrulhões tá jogando timbó
na água, a fim de tontear o e-leitorado.
A cidadania deve ficar muito atenta às reações contra a PEC do Teto dos Gastos (PEC 241) que tramita no Congresso Nacional.
Por trás de um discurso cheio de boas intenções como esse dos adversários da medida, existe apenas o interesse específico de garantir que as corporações continuem obtendo reajustes acima da inflação e permaneçam ganhando muito mais do que o cidadão comum.
Corria a campanha eleitoral de 2006 quando Lula, então candidato à reeleição, começou a dizer que seu adversário no segundo turno, Geraldo Alckmin, do PSDB, pretendia privatizar as grandes estatais, incluindo Petrobras e Banco do Brasil.
Verdade que Alckmin não colocara nada disso no seu programa, mas a história fazia sentido.
Passam-se os anos, e chegamos à campanha para prefeito de São Paulo.
João Doria, candidato apoiado pelo agora governador Alckmin, anuncia que vai vender o Parque Anhembi (um centro de exposições), o Sambódromo, o Autódromo de Interlagos, o Estádio do Pacaembu, além de conceder à iniciativa privada linhas e estações de metrô e ônibus.
O candidato petista, o prefeito Fernando Haddad, reagiu como Lula em 2006. Denunciou num debate: o tucano quer privatizar até os cemitérios!