O horror, o horror 04/10/2015
- Carlos Brickmann - Observatório da Imprensa
É melhor um fim horroroso do que um horror sem fim.
Dilma optou pelo pior: uma presidente mandona que não manda, cercada de ministros que não conhece nem pelo nome e por políticos que só não são do baixo clero porque para eles baixo clero é promoção.
Para posar de comandanta, Dilma deixou de ser Dilma -- menos na habitual grosseria, pois demitiu um ministro por telefone e substituiu um intelectual de prestígio por Aloizio Mercadante; haverá humilhação maior?
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Mas evite-se dizer que boa parte dos novos ministros não seja capaz de nada.
Ao contrário, há ali muita gente capaz de tudo.
Por que terá o PMDB exigido sete ministérios, e dos bons?
Para reestruturar a administração?
Para impor um novo e eficiente modo de governar?
Para recriar a gestão pública em novos e melhores moldes?
Pode ser -- mas o mais provável é que, e ainda mais com uma presidente arroganta e fraca, queiram sugar o que resta das murchas tetas estatais.
Dilma talvez considere que tenha condições de desempenhar um papel de rainha da Inglaterra, guardiã das tradições, símbolo da unidade nacional.
Mas a rainha Elizabeth não tem de explicar como é que seu pessoal de confiança se envolveu em escândalos de corrupção, nem precisa lidar o tempo todo com investigações que ameaçam atingir até mesmo seu padrinho político (e que levaram à prisão dois dos tesoureiros de seu partido, mais o marechal petista que era chamado de “capitão do time”).
Guardar as tradições petistas talvez não seja uma boa ideia.
E, convenhamos, para simbolizar a unidade nacional não basta uma coroa.
O cipó vai…
Os governistas ficaram felizes com a denúncia, que deve ser investigada seriamente, de que Eduardo Cunha recebeu propinas depositadas em bancos suíços.
Cunha é, neste momento, o líder informal da oposição, e a denúncia da propina irá no mínimo enfraquecê-lo, o que certamente levará alguma alegria a Dilma.
Mas Cunha tem algum tempo, e pode usá-lo para dificultar mais a vida da presidente.
Pode acelerar o andamento do impeachment, e mobilizar seus seguidores para derrubar os vetos de Dilma a medidas que aumentam os gastos estatais.
…o cipó vem
E há problemas potencialmente muito mais graves mordendo os calcanhares do governo.
Uma consultoria que atuou como lobista na prorrogação dos incentivos fiscais às fabricantes de veículos transferiu R$ 2 milhões para a LFT Marketing Esportivo, de Luís Cláudio Lula da Silva, filho do presidente que autorizou a prorrogação.
A transferência de recursos é confirmada pelo próprio Luís Cláudio, que a atribui a pagamento por serviços de marketing esportivo.
A lobista jamais trabalhou na área de Esportes, mas uma vez tem de ser a primeira, não?
Só falta revelar qual a atividade que motivou o pagamento.
A lobista é investigada pela Operação Zelotes (fraudes em pagamento de impostos).
Há ainda pela frente duas outras questões complicadas: a Polícia Federal pediu ao Supremo (com apoio do procurador-geral da República, Rodrigo Janot) para ouvir Lula; e há indícios de que dinheiro desviado da Petrobras, no escândalo do Petrolão, foi usado para pagar parte da campanha de Dilma à Presidência da República.
E pode piorar
A Medida Provisória editada pelo presidente Lula passou, para publicação, pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que examinava tudo em detalhes.
Se houve irregularidade, atinge o filho, atinge o criador, atinge a criatura.
As palavras e os fatos
A promessa era cortar na própria carne as despesas do governo Federal.
Prometia-se o corte de mil cargos de confiança para reduzir gastos.
Os fatos reais: o excelente portal Contas Abertas (www.contasabertas.com.br) mostra que o governo federal tem hoje 100.313 funcionários em cargos de confiança -- ou seja, estão lá sem concurso e ganhando mais que os outros, concursados.
Nos Estados Unidos, com população e renda bem maiores, há oito mil cargos de confiança.
Fim de feira
A propósito dos rumores sobre o fim do programa Farmácia Popular, parece que há exageros.
Mas, conforme informação oficial do Ministério da Saúde, não há previsão de verba para o programa a partir de janeiro.
Pelo menos 24 remédios mais caros (para mal de Parkinson, osteoporose, colesterol) podem perder os benefícios que levam a um desconto de 90% nos preços.
Em aritmética simples, o preço hoje pago pelo remédio de uso contínuo pode ser multiplicado por dez.
Resumo geral
Para manter-se no poder a qualquer custo, Dilma optou pelo horror sem fim.
Mas corre o sério risco de ver sua Presidência caminhar para um fim horroroso.
Protesto inflável
O primeiro da nova safra foi o Pixuleco: um boneco inflável de Lula, com roupa de presidiário e, no peito, os números 13 (do PT) e 171 (artigo do Código Penal que trata de estelionato).
Depois vieram a Pinóquia, uma Dilma também com os números no peito e nariz comprido, e o Raddard, um prefeito paulistano de nariz torto.
Agora é o pato da Fiesp, do “não pague o pato”.
O Pato Inflável e um bando de patinhos estão viajando pelo Brasil.