Até há pouco tempo o intervalo de gerações era de vinte e cinco anos.
Com o desenvolvimento das conquistas médicas, esse intervalo passou a ser de dez anos.
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A geração dos velhos passou a ser após seus centenários.
Eu, com oitenta e oito anos completos, estou iniciando a minha fase de idoso.
Meu bisavô paterno faleceu velho com cinquenta e seis anos no posto de General do Exército.
Meu pai nasceu em 1894, casou-se aos quarenta anos e era considerado velho, quando a expectativa de vida era de cinquenta e cinco anos.
Fui educado por um pai velho, e quando comecei a entender da vida, temia pela vida dele a cada vez que um vizinho da sua idade falecia.
Minha avó materna deixou oito filhos órfãos, antes de completar trinta anos.
A avó paterna deixou quinze filhos sem completar sessenta anos.
As gerações eram definidas entre crianças, adultos e velhos.
Havia as exceções para confirmarem as regras.
Com a ciência esses espaços tiveram que ser diminuídas, e hoje é comum encontrar pessoas com mais de cem anos fazendo compras nos shoppings, quando não namorando.
Surgiram então os bebês, crianças dos berços, pré -infância, infância, pré-puberdade, puberdade, pré-adolescência, adolescência, pré-juventude, juventude.
Idade adulta, idade madura, pré-idoso, idoso e velho.
O espaço entre gerações encurtou, e muito, aceito atualmente como sendo de apenas dez anos.
Isto significa que as gerações velhas ficaram mais novas e as novas mais velhas.
As idosas e idosos cada dia casam mais e procuram como companheiros ou companheiras pessoas de outras gerações para baixo, como adolescentes ou jovens, graças a ciência.
A ciência em parte está suprindo a natureza, e isso tanto é verdade, que dia desses fui a um médico em São Paulo e levei em companhia minha filha.
Ao entrar no consultório com ela, ao fazer a anamnese, ele me perguntou a quantos anos eu era casado com ela, para desespero da minha filha, três gerações abaixo da minha.