Durante cinquenta anos de bar, meu pai teve o auxílio dos seus irmãos Tinô, Yôyô, Joãozinho.
Os dois últimos citados morreram durante o seu exercício profissional.
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Joãozinho sempre trabalhou na sortida sorveteria, anexa ao amplo salão do bar, com duas janelas para a Praça Alencastro e duas portas para a Praça da República, ao lado da engraxataria.
Com a sua morte assumiu essas funções o Yôyô até o seu falecimento.
Tinô era o substituto do meu pai e foi o último a falecer com quase cem anos.
Conheci os garçons que permaneceram maior tempo com o meu pai, até ele fechar o bar em 1970.
Foram o Paulo, um menino que meu pai criou como filho, Quindú e o mais novo, Domingos.
O bar durante a sua existência teve inúmeros garçons.
Quando eu nasci o bar tinha quinze anos e aos dezessete anos fui estudar.
Permaneci doze anos fora, e quando retornei casado com mulher e filha para nascer, pouco fui ao bar e minhas visitas eram rápidas.
Seis anos depois meu pai fechou definitivamente o bar e seus garçons eram o Paulo, Quindú e Domingos, além do meu tio Tinô.
Todos foram indenizados cujos valores foram aprovados pela Delegacia Regional do Trabalho.
Ficamos amigos, e cada garçom procurou o seu caminho.
O Domingos foi trabalhar como garçom na Casa Civil do Governo do Estado e nas horas vagas atendia banquetes, grandes recepções e ao Clube Esportivo Dom Bosco.
O Quindú montou um bar muito bem frequentado no Coxipó da Ponte.
Herdou parte da clientela do bar do Bugre.
O Paulo, considerado meu irmão de criação, foi contratado para atender Serviços Gerais na UFMT.
Revelou-se um líder, tendo fundado com o apoio da reitoria, o bairro Jardim Universitário, próximo à sede do Campus.
Muitos dos seus moradores eram servidores ou professores da nossa universitária.
Os três estiveram presentes na festa dos oitenta anos do meu pai.
Assim eram os garçons de Cuiabá de bem antigamente.