Ponte religa o Brasileirão 05/10/2015
- Juca Kfouri - Folha de S.Paulo
Se na penúltima rodada do Brasileirão o Galo bobeou e o Corinthians sobrou em Santa Catarina, na última deu-se o inverso.
Os mineiros foram implacáveis em Curitiba, enfiaram um 3 a 0 categórico sobre o Coritiba, Lucas Pratto voltou a ser protagonista mais até nos dois passes que deu para os dois primeiros gols do que como artilheiro ao bater o pênalti do terceiro, e o Alvinegro paulista penou no empate 2 a 2 com a Ponte Preta.
Penou num jogo em que os primeiros 45 minutos foram tranquilos para o líder – que fez 1 a 0 com Jadson no fim e poderia ter feito mais antes, como poderia fazer outro gol logo no começo do segundo tempo, quando o zagueiro Felipe foi fiel à sua posição e em vez de marcar o 2 a 0 mandou a bola por cima do travessão, de dentro da pequena área.
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Como se fosse a senha para a Ponte Preta reagir, o time campineiro passou a infernizar a vida corintiana de tal modo que a virada foi inevitável e a jato, com dois gols em dois minutos.
Para um time sem seus laterais titulares, que além de marcar bem apoiam com eficiência, e sem ataque, porque Malcom e Vagner Love servem muito mais para atrapalhar a saída de bola dos adversários, e ajudar na marcação no campo corintiano, do que como atacantes, a derrota parecia inevitável.
Tite então mexeu e aparentemente mexeu mal ao tirar Elias para botar Rodriguinho, exatamente o cara que empatou o jogo num tirambaço da entrada da área ao ganhar a bola de presente de um zagueiro rival.
O chamado gol achado foi também um achado para Tite, que além de tirar Elias, trocou também Jadson por Danilo. Só faltou tirar Gil e botar Edu Dracena para substituir o trio corintiano que servirá a seleção...
Não tirou e deve ter voltado aliviado de Campinas, porque o que pintou como uma vitória até tranquila se transformou num empate caído do céu numa tarde em que o famoso padrão corintiano deu as caras por completo na primeira metade do jogo e desapareceu na segunda.
Tite deu sorte, mas, como se sabe, sem sorte não se chupa nem um picolé, porque cai no pé.
A diferença que era de sete pontos caiu para cinco, mas por pouco, muito pouco mesmo, não diminuiu para quatro -- o que seria ainda melhor para o campeonato e para o Galo e daria assunto e previsões de sobra para os 10 dias de parada do Brasileirão e sofrimento com a seleção brasileira.
Cinco pontos ainda são uma diferença considerável e se é de se esperar novos tropeços do líder não há por que imaginar que o vice-líder vencerá os nove jogos que faltam para acabar o campeonato.
Mas o campeonato não está decidido a não ser para quem conta com o ovo antes da galinha ou, talvez, só não está para quem cansou de ver o Corinthians perder campeonatos aparentemente ganhos num passado razoavelmente longínquo.
O indiscutível é o seguinte: como não temos por aqui nada que se assemelhe ao Bayern Munique, tudo é possível entre times tão iguais.