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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Dia D, de derrota
08/10/2015 - Vinicius Torres Freire - Folha de S.Paulo

Foi um dia de derrota para Dilma Rousseff, como se sabe a respeito da quarta-feira desastrosa.

Mais interessante será descobrir o que será feito desse momento especial de mixórdia de incompetências do governo.

A derrota no Tribunal de Contas da União seria um revés esperado em uma situação de normalidade na anormalidade que é o segundo mandato de Dilma Rousseff.


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Mas o governo se empenhou em perder de modo humilhante e com repercussões daninhas adicionais. Como se já não bastasse ser acusado de crime no uso de dinheiro público.

Recorde-se o passado remoto, nesses dias de Dilma Rousseff: a sexta-feira passada.

Em tese, parecia então que o governo conseguira adquirir tempo, sobrevida, dada a abdicação parcial de Dilma Rousseff, sob regência provisória de Lula e seu arranjo com o Congresso.

O governo contava até com a contribuição impremeditada da finança global. Desde a semana passada, dúzias de relatórios de economistas de bancões diziam que se abrira uma janela temporária de especulação.

Em resumo, no que interessa aqui, os porta-vozes dos donos do dinheiro grosso diziam que surgira oportunidade de compra de ativos de países emergentes, na xepa, na liquidação.

Pode durar até novembro ou até o início do ano que vem, a depender do "analista".

Pode estar tudo errado também.

O que interessa é que sobreveio certa calmaria, que ajudava a baixar a febre financeira que ameaçava nos levar à breca em breve.

Pois bem, seguindo o padrão de tocar fogo no seu circo mambembe quando a situação parece mais tranquila, o governo convocou três ministros para ir à guerra contra o TCU, na tarde de domingo.

Foi quando se divulgou a operação de embananar juridicamente a condenação das contas do governo Dilma 2014.

O governo atraiu a fúria do TCU e até de parte do PMDB. Levou a disputa ao Supremo, onde perdeu de modo vexatório. Viu sua ofensiva desconsiderada com comentários humilhantes no plenário do TCU.

Além do mais, ainda parece errado o cálculo político da reforma ministerial.

Mesmo com o novo plano de aquisição de apoio parlamentar, foi derrotado outra vez no Congresso.

Não tem bancada.

Não conseguiu outra vez juntar parlamentares para apoiar os vetos de Dilma a gastos lunáticos aprovados no Congresso.

Aparentemente, o governo perde porque há rebeliões do baixo clero fora do PMDB, que quer cargos e rejeita a nova liderança governista do partido na Câmara.

Porque há disputa entre Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Porque Cunha espirra no governo o lodo em que se debate.

Dadas as derrotas do governo de ontem, demonstrações de fraquezas e de renovada incompetência até na autopreservação, políticos especulavam ontem o que mais o governo vai ter de entregar a fim de não levarem sua cabeça.

De resto, más notícias sobre o Brasil se espalham, ou são reiteradas, pelo mundo, vide os comentários do FMI sobre a crise brasileira, Petrobras inclusive.

Até o primeiro leilão de exploração de petróleo em dois anos foi um fiasco horroroso.

Quase todas as moedas emergentes se recuperam por estes dias.

É maré alta.

Vazou no Brasil.

A baderna política é grande o bastante até para atropelar a alegria especulativa dos donos do dinheiro grosso do mundo.


  

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