O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

O otimismo que emana daqueles olhos azuis...
09/10/2015 - Blog de Ricardo Noblat - O GLOBO

Se depender de Jaques Wagner, o novo ministro-chefe da Casa Civil da presidência da República, ficaremos combinados assim: tudo não passou de "acomodação do processo da reforma". Não foi nada mais do que isso.

“Tudo” são as consecutivas faltas de quórum no Congresso para a votação dos vetos presidenciais a projetos que criam despesas. Teve gente que enxergou na falta de quórum sintoma de insatisfação de deputados e senadores.

Nada disso. É que não houve tempo para o governo entregar tudo o que prometeu em troca de apoio político. E parlamentares mais apressadinhos resolveram faltar a sessões do Congresso. Em breve, a paz voltará a reinar!


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Voltará coisa nenhuma. Este é um governo sem projeto de país. Não foi o único: os governos de Lula também careceram de um projeto para o país. Há 13 anos no poder, o PT só teve até hoje um projeto de... poder.

A tal da “governabilidade” foi conseguida por Lula e, depois, por Dilma graças à distribuição de cargos, favores e sinecuras. Quando o país parecia ir bem, maravilha. Quando passou a ir mal... Falta comida, sobram bocas.

Dilma amarga o que Michel Temer, seu vice-presidente, amargou quando era encarregado da coordenação política do governo: não tem como entregar o que prometeu a partidos e parlamentares avulsos.

Temer foi sabotado pelo PT. Dilma está sendo sabotada pelo PT, que se entranhou no aparelho do Estado e resiste a ser desalojado dali. Então Dilma ordena nomeações em tais e tais lugares. Então suas ordens são ignoradas.

Como Dilma, ou qualquer outro no lugar dela, pode convencer alguém de que ordens presidenciais, com frequência, são ignoradas e tudo acaba ficando por isso mesmo? Parece inconcebível e, no entanto, é verdade.

Mas tem nada não. Se depender do otimismo irradiado pelo dono dos olhos azuis mais poderosos do primeiro escalão da República (Leia-se: Jaques Wagner), logo, logo governo e Congresso estarão sintonizados e tocando de ouvido.

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