Autossuficienta, ela se basta 11/10/2015
- Carlos Brickmann - Observatório da Imprensa
Imprensa e políticos estão mais uma vez discutindo a questão errada: o tempo necessário, depois da rejeição unânime das contas de Dilma pelo Tribunal de Contas da União, para que o Congresso se manifeste e toque o impeachment.
Besteira: Dilma não precisa de ninguém que a derrube.
A presidente que distribui cargos à vontade e nem assim consegue o apoio do PMDB, que convoca três ministros para uma entrevista coletiva de emergência num domingo para dizer que não há problema nenhum, que tenta intimidar quem irá julgar suas contas, que cria problemas com os militares num momento em que as Forças Armadas queriam apenas ficar fora da crise, não precisa de oposição: cai sozinha.
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Bons políticos procuram prever problemas e evitá-los.
Dilma gosta de prever problemas para ser abatida por eles.
Brigou com Eduardo Cunha, que controla o PMDB na Câmara, desautorizou Michel Temer, a quem tinha pedido que cuidasse da articulação política, e tomou para si as negociações com políticos -- justo ela, a habilidosa.
Acabou negociando com Leonardo Picciani, cuja maior ligação com o primeiro time, até hoje, era girar a maçaneta para Eduardo Cunha não ter esse trabalho.
Quem paga mal paga duas vezes, diz o axioma do Direito.
Dilma pagou, entregou tudo, aceitou escolher ministros piores que os que tinha -- o que, convenhamos, era difícil -- e não recebeu a mercadoria.
Continuou apanhando no Congresso.
Confiem em Dilma: quando tudo está calmo, ela dá uma entrevista, faz um discurso, articula uma manobra.
A surpresa é que ainda esteja de pé.
Oposição? De que se trata?
Mark Twain, grande escritor americano, disse que os EUA tinham o melhor Congresso que o dinheiro podia comprar.
Millôr Fernandes, grande escritor brasileiro, disse que o Brasil tinha um Congresso eficiente.
“Ele mesmo rouba, ele mesmo investiga, ele mesmo absolve”.
O tempo passa, pouco muda.
Um banco suíço informa que o deputado Eduardo Cunha tem contas lá -- o que ele sempre negou --, mostra que seu passaporte diplomático foi usado para abri-las, e o Congresso finge que não é com ele.
Tem bons motivos: muita gente, digamos, conhece bem a questão; outros querem que Cunha comande o impeachment, então se calam.
Mas qual a vantagem de derrubar a corrupção usando a corrupção?
Petezando os petizes
O alerta é do professor Renato Janine Ribeiro, ligado ao PT, ex-ministro da Educação de Dilma: o currículo brasileiro de História não atende à necessidade de “conter ensinamento crítico, mas sem descambar para a ideologia”.
Segundo Janine, o currículo ignora o que não é Brasil e África.
“Não havia na proposta uma história do mundo (…) É direito do jovem saber o trajeto histórico do mundo. Precisa aprender sobre a Renascença, as revoluções. Mas não há uma interpretação única de nenhum desses fenômenos. E é esta diversidade que a educação democrática e de qualidade deve garantir”.