Enquanto Dilma e Eduardo lutam por seus mandatos, o país desce a ladeira 21/10/2015
- Blog de Ricardo Noblat - O GLOBO
A Eduardo Cunha, só resta fazer duas coisas para ganhar alguma sobrevida: segurar qualquer pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e repetir até ficar rouco que não tem e que jamais teve contas bancárias fora do país.
Há uma terceira coisa que ele poderá fazer: atrasar seu julgamento no Conselho de Ética da Câmara. E isso ele já começou a fazer, com êxito.
Se em algum momento ele admitisse, mesmo de forma indireta, que teve, sim, contas lá fora, acabaria abandonado de vez pelos que ainda permanecem ao seu lado.
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Então mesmo contra todas as evidências, seguirá mentindo sobre as contas. É possível que mais tarde se agarre ao argumento -- pobre argumento! -- de que foi beneficiado em contas, mas que elas jamais estiveram em seu nome.
Quanto ao impeachment: a oposição precisa dele para derrubar Dilma. E o governo precisa dele para que não derrube e facilite a aprovação na Câmara de matérias do seu interesse.
O horizonte de Eduardo, hoje, é logo ali. Caso não seja cassado até dezembro, começará o próximo ano no cargo. A cada dia sua agonia. Algo muito parecido se passa com Dilma.
Ela também não pode pensar no longo prazo, só no curto. Se o processo de impeachment dela for aberto na Câmara, o ronco das ruas poderá empurrá-lo para frente e selar sua sorte.
Renan Calheiros, presidente do Senado, tentou ajudar Dilma a respirar melhor. Chegou a anunciar que lhe daria um prazo de 45 dias para se defender da acusação de que cometeu “pedaladas fiscais” em 2014.
Só em seguida remeteria para a Comissão Mista de Orçamento a recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) que recomenda a rejeição das contas do governo de 2014.
Foi uma chiadeira só na Câmara e no Senado contra o anúncio feito por Renan, e ele deu o dito pelo não dito.
De todo modo, a recomendação do TCU deverá ficar para ser votada pelo Congresso a partir de fevereiro próximo.
Enquanto Eduardo e Dilma lutam por seus mandatos, o país sangra.
A inflação se aproxima perigosamente da casa dos 10% ao ano.
O Banco Central não tem muito a fazer, a não ser manter a taxa de juros onde está.
Joaquim Levy tenta segurar-se no Ministério da Fazenda.
E a base de apoio do governo no Congresso só finge apoiá-lo. Aproveita-se de sua fraqueza para extorqui-lo.