Tirem a mão do nosso bolso 26/10/2015
- Carlos Brickmann - Observatório da Imprensa
Eles gostam do nosso dinheiro. Como o Reizinho de Jô Soares, amam suas cidades e pisam em quem nelas mora.
Não é que um grupo de prefeitos se reuniu na quinta com Dilma para reclamar da CPMF?
Pedem mais: em vez dos 0,2% que o governo quer entuchar, exigem o dobro, para ficar com algum.
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O grupo engloba até quem se diz de oposição, mas na hora de cobrar segue a governanta.
O pior é que esses novos impostos, além de tirar de quem precisa para dar a quem gasta demais, perpetuam a loucura tributária.
Remédio para gente paga 34% de imposto. Remédio para bicho, 13%.
Livros e revistas, digamos, “adultos”, 19%.
Por que ficar doente em vez de olhar mulher pelada?
Por que adoecer em vez de terceirizar a doença para o cachorro, que tem remédio mais barato?
Caríssimo, também, é calcular os tributos.
Numa lista de 189 países, a Bolívia é a penúltima: uma empresa gasta 1.025 horas anuais de trabalho para declarar impostos.
O Brasil é o último: 2.600 horas. O custo é embutido nos preços.
E as coisas tendem a piorar: desde 1988, ano da Constituição Cidadã, são criadas 46 normas tributárias todos os dias.
No total, até agora, pouco mais de 320 mil novas normas.
O advogado Vinícius Leôncio concluiu em março um livro com todas as regras tributárias do país.
Tem 41 mil páginas e pesa sete toneladas.
Fica fácil entender por que o país não consegue manter o crescimento por longos períodos.
Em vez de simplificar as coisas e reduzir os gastos, Suas Excelências preferem criar impostos e aumentar alíquotas.
Devem ter seus motivos.
Gastar com sobriedade
A ANAC, Agência Nacional da Aviação Civil, acaba de contratar o alpinista Waldemar Niclevitz para uma “palestra de caráter motivacional”, nesta terça, em comemoração ao Dia do Servidor Público.
Pela palestra, Niclevitz receberá R$ 19 mil, de acordo com o Diário Oficial da União de 15 de outubro.
Niclevitz foi o primeiro brasileiro a escalar o Pico do Everest, o mais alto do mundo.
E que tem isso a ver com a aviação civil, que justifique o custo da palestra?
Caro leitor, não faça perguntas difíceis. Talvez porque, como um avião, tenha subido alto.
Não quer que a anta morra…
Eduardo Cunha está com a cabeça a prêmio, mas sabe usá-la para sobreviver.
Equilibra-se entre dois grandes grupos e sabe que, quando se tornar desnecessário a qualquer deles, será degolado.
Sua arma é segurar a decisão sobre o impeachment de Dilma.
No momento em que decidir, perde a importância e o cargo, e corre o risco de ser convidado para uma viagem gratuita a Curitiba, com hospedagem e alimentação incluídas.
Ou seja, vai se segurar enquanto pode, buscando um difícil acordo -- difícil, porque ele pode ser traído numa boa, sob aplausos.
Ao deixar de ser útil, sua blindagem fica mais frágil que prédio de Sérgio Naya.
…nem que a onça passe fome
Renan Calheiros também sabe como as coisas funcionam.
O requerimento para a CPI do BNDES já tem 32 assinaturas. Ele pode instalá-la no Senado a qualquer momento. Mas espera: na Câmara, há a CPI dos Fundos de Pensão. Caso a CPI da Câmara se aproxime de alguma de suas instituições preferidas, como por exemplo o Postalis, dos Correios, lança a CPI do BNDES e divide as atenções.
E qual o caminho que Renan acha certo? Simples: o que melhor convier a ele.
Ele manda, ela obedece
Diante das fortes suspeitas de que pode haver fraude no pleito venezuelano, Caracas decidiu aceitar uma comissão internacional de observação.
Fez todas as exigências possíveis: rejeitou a OEA, rejeitou observadores independentes ligados a institutos não governamentais, impôs a Unasul, onde tem influência imensa, como instituição observadora.
Mas foi pouco: decidiu vetar o representante brasileiro, Nelson Jobim -- que foi ministro do governo Lula e do Supremo Tribunal Federal.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Dias Toffoli, decidiu com altivez: se há veto, o Brasil não envia representante.
E que faz nosso governo?
Tenta convencer Toffoli a aceitar as imposições venezuelanas.
Não é meio muito, em termos de obedecer a tudo o que mandam os bolivarianos?
O país do Carnaval
Houve época, acredite, em que os partidos comunistas brasileiros exigiam que seus militantes conhecessem a doutrina e fossem capazes de enfrentar quaisquer adversários em debates (eram dois os partidos: o PCB, Partido Comunista Brasileiro, hoje PPS, que seguia a linha de Moscou, e o PCdoB, Partido Comunista do Brasil, mais ligado à China e, depois, à Albânia).
Dirigentes comunistas como Salomão Malina e Armênio Guedes lutaram em guerras contra fascistas e nazistas.
Hoje a luta é diferente: a Juventude do PCdoB de Natal combateu bravamente os bonecos infláveis de Lula e Dilma, para rasgá-los.
O Pixuleco e a Bandilma, que retratam o ex-presidente e a atual presidente, ambos em trajes de presidiários, sofreram ferimentos mas estão aptos a participar de novos comícios.
Constatando
Preocupado com o futuro de Eduardo Cunha?
Ele parece tranquilo: se as contas bancárias suíças não são dele, como garantiu, podem bloqueá-las à vontade, que ele não perde nada.