capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 24/11/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.948.763 pageviews  

De Última! Só lendo para acreditar

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

De ódios e rancores
27/10/2015 - Carlos Taquari*

De uns tempos para cá a política brasileira vem sendo conduzida por discursos recheados de ódios e rancores, em lugar de debates de ideias e projetos.

Não é preciso muito esforço para identificar de onde vem a maior parte desses discursos.

O juiz Sergio Moro, por exemplo, é alvo de adjetivos como justiceiro e arbitrário, pelo simples fato de que cumpre a lei e tenta punir pessoas que retiraram dinheiro de cofres públicos e transferiram para contas particulares ou para fins políticos. Numa palavra, roubo.


PUBLICIDADE


Aqueles que odeiam Moro também detestam o ex-ministro Joaquim Barbosa, que garantiu a condenação dos envolvidos no caso do Mensalão.

Afinal, alguém se lembra de alguma denúncia apurada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, que tenha resultado em condenações no âmbito do Mensalão ou do Petrolão, que não tenha sido comprovada?

Nesse episódio mais recente, documentos mostram a existência de contas secretas na Suiça, bilhões de reis em prejuízos para a Petrobras, repasses a pessoas e partidos políticos e inúmeras operações fraudulentas.

Tudo isso é realidade. Mas, da maneira como reagem certas figuras ligadas ao partido do governo fica a impressão de que tudo foi inventado.

Seriam os procuradores da República, o juiz Moro, em relação à Operação Lava Jato, e os integrantes do STF, no caso do Mensalão, ficcionistas que montaram tudo isso só para prejudicar pessoas e empresas?

Seriam eles gênios do mal, empenhados em destruir as instituições da República?

É preciso ser muito cínico ou engajado para acreditar numa hipótese como essa.

Mas isso não impede alguns de nossos intelectuais continuem acreditando. Pelo menos para o público externo.

Outro alvo do ódio é a imprensa, que alguns preferem chamar de mídia, palavra sempre associada a pejorativos.

A Folha de S. Paulo, por exemplo, é colocada sob suspeita pelo simples fato de que abre espaço para todas as correntes de opinião.

Outros veículos são detestados porque, a exemplo da Folha, expõem diariamente os casos de corrupção envolvendo o governo.

Diante das reações de certos políticos, de intelectuais e até mesmo de jornalistas, fica claro que muitos gostariam que as denúncias não fossem divulgadas.

Seria melhor, para essas pessoas, que repórteres e editores praticassem autocensura.

Procuradores, juízes e jornais são alvo de frequentes manifestações de repúdio. Afinal, estão atrapalhando um projeto de governo. Ou melhor, de poder.

Mas porque defender com tanto empenho esse projeto?

A resposta, invariavelmente, é essa: porque esse governo fez "justiça social".

Aí cabe pergunta: para fazer "justiça social" é preciso roubar?

Intelectuais ligados ao PT fazem de conta que não enxergam os casos de corrupção e acusam a imprensa de oportunista e de histeria.

O ideal, para eles, é que tudo ficasse escondido ou divulgado dentro de uma linha ideológica.

Ao mesmo tempo, investem contra todos que ousam apontar os erros ou exigir o fim da corrupção.

Para esses, os rótulos – golpistas, reacionários – estão sempre prontos.

Em meio a toda a crise política, institucional e moral, a oposição se mostra totalmente despreparada.

Ora abraça propostas de impeachment ainda sem sustentação legal – na opinião de juristas como Ayres Britto e Joaquim Barbosa – ora se deixa utilizar como massa de manobra por políticos do naipe de Eduardo Cunha.

Sem discurso e sem convicção, os líderes oposicionistas também cultivam o velho hábito de se esconder em momentos decisivos.

Entre o bem-estar geral da população e a manutenção do poder, com todos os benefícios, nossos políticos sempre ficaram com a segunda opção.

Com raríssimas exceções.


...

CARLOS TAQUARI, 68, é jornalista, editor-chefe do "Roda Viva", da TV Cultura, de São Paulo, e autor de "Tiranos e Tiranetes", Editora Record/Civilização Brasileira.

  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques