Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, o PRB é um partido de médio porte, que em geral desperta pouca atenção. Mas conseguiu cavar um nicho na administração pública que lhe dará visibilidade nas eleições de 2016.
Trata-se do esporte, área que a agremiação se dispôs a ocupar logo após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2014.
Enquanto as grandes siglas batalhavam por pastas com vultosos orçamentos, o PRB reivindicou o secundário Ministério do Esporte, no qual alocou George Hilton.
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Pastor da Universal, Hilton ganhou certa notoriedade em 2005, quando foi flagrado com 11 malas de dinheiro no aeroporto de Belo Horizonte.
Alegando que ali estavam doações de fiéis da igreja, conseguiu convencer a polícia, mas não a direção do DEM (então PFL), do qual terminou expulso.
Dez anos depois, Hilton aterrissou na Esplanada por seu novo partido, que ainda emplacou filiados nas secretarias esportivas de quatro entes da Federação (SP, MG, CE e DF).
A lista quase englobou Roraima, onde a legenda tentou agregar os termos "Esporte e Lazer" à pasta da Cultura. Fracassou.
O percalço, contudo, não desanimou o PRB. No último dia 17, Hilton trocou o secretário-executivo do ministério, Ricardo Leyser, por ninguém menos que Marcos Jorge de Lima, o ex-titular da Cultura de Roraima que não tinha conseguido mudar o nome da secretaria.
A substituição não passou despercebida. Leyser era o principal responsável pela organização da Olimpíada do Rio; vendo a natural indignação nos círculos esportivos, o ministro cedeu e o manteve à frente da preparação esportiva, embora em outro posto.
Ao PRB, afinal, não interessa fracassar na realização dos Jogos.
"O esporte é uma importante vitrine. Nossa ideia é fazer uma gestão eficiente que nos proporcione uma marca", já declarou o pastor Marcos Pereira, presidente nacional do partido e ex-dirigente da Rede Record, que transmitirá o evento.
O êxito da Olimpíada impulsionaria os nomes do PRB em 2016, dos quais o mais conhecido é Celso Russomanno. A jogada, por assim dizer, é associar o esporte à redenção dos usuários de drogas.
Não se trata de novidade. O ex-jogador de basquete Oscar Schmidt usou essa plataforma em 1998, quando tentou ser senador pelo PP-SP -- e perdeu.
Dado o descrédito das grandes legendas, todavia, não se descarta que a reedição da estratégia obtenha maior sucesso no ano que vem.