Dano potencial de prisão de senador petista ao governo não é só de imagem 25/11/2015
- IGOR GIELOW - FOLHA ONLINE
A prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) caiu como uma bomba no Palácio do Planalto.
Os temores são múltiplos, não apenas pelo desastre de imagem de ver o líder do governo no Senado preso acusado de bolar um plano para tirar um suspeito de crime do país.
O líder do governo no Senado foi preso nesta quarta-feira (25) no âmbito da Operação Lava Jato por tentar conturbar as investigações.
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Ele teria oferecido uma mesada de R$ 50 mil ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação premiada com os investigadores.
Além disso, queria que Cerveró fugisse do país.
Delcídio, que adotou o "do" no sobrenome ano passado por dica de uma numeróloga, é um dos políticos com melhor trânsito na área de energia -- foi rapidamente ministro do setor no governo Itamar Franco e ocupou a diretoria de Gás da Petrobras.
Mais que isso, tinha pés em todas as canoas políticas relevantes.
Foi tucano e deixou o partido em 2001, aliando-se ao grupo do ex-governador Zeca do PT (MS).
No Senado desde o início do governo Lula, em 2003, Delcídio ganhou fama de habilidoso operador político.
Agora, tudo isso pode voltar-se contra ele.
A ser confirmado tudo o que se diz nos meios judiciais nesta manhã em Brasília, Delcídio poderá se ver sem mandato e na cadeia por um bom tempo, o que levaria à questão da delação premiada.
Em um exercício de especulação, Delcídio poderia então falar sobre os meandros de diversas negociações potencialmente danosas ao governo e ao PT.
Ele foi, por exemplo, presidente da CPI dos Correios (2005), que investigou o mensalão –abundam insinuações, na oposição, de que ele ajudou a evitar a citação ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no texto final do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Ele sempre negou.
Além disso, Delcídio tinha a área internacional da Petrobras como uma de seus campos de influência na estatal, sendo co-patrocinador da indicação de Nestor Cerveró para a diretoria.
É sob esta área que ocorreu a obscura compra da refinaria de Pasadena (EUA), sob investigação na Lava Jato e que esbarra em decisões do Conselho de Administração da estatal, presidido então por Dilma Rousseff.