Dilma ficou encurralada com prisão de Delcídio 26/11/2015
- Blog de Felipe Moura Brasil - Veja.com
Dilma Rousseff ficou encurralada com a prisão do líder de seu governo no Senado, Delcídio do Amaral.
Os dois principais motivos são os seguintes:
1) Gravação indica envolvimento no escândalo de Pasadena
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Anotações a mão de Nestor Cerveró, em sua minuta de delação premiada, indicam que Dilma “sabia de tudo de Pasadena” e que inclusive estaria cobrando o então diretor da Petrobras pelo negócio, tendo feito várias reuniões com ele.
O acordo de Cerveró foi firmado com a Procuradoria-Geral da República e submetido ao ministro Teori Zavascki, do STF, que ainda não decidiu sobre sua homologação.
O fato veio à tona nas conversas gravadas entre Delcídio, seu chefe-de-gabinete (preso junto com ele) Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro, que defendia Cerveró e também acabou preso nos EUA, e o filho do ex-diretor, Bernardo Cerveró, nosso herói responsável pela gravação.
No diálogo, o senador revela que teve acesso ao documento sigiloso da delação do executivo por meio do banqueiro André Esteves, CEO do banco BTG Pactual, e questiona sobre as citações a Dilma, ao que Bernardo confirma terem sido feitos por seu pai.
Delcídio diz, aludindo às anotações de Cerveró:
“Aí por exemplo, no caso da Dilma, ele disse: ‘A Dilma sabia de tudo de Passadena. Ela me cobrava diretamente. Pá, pá, pá. Fiz várias reuniões’.”
2) Prisão aumenta risco de não aprovar meta fiscal
Por conta da votação no Senado sobre a prisão de Delcídio, Renan Calheiros teve de adiar para o dia 3 de dezembro a sessão sobre o projeto que muda a meta fiscal de 2015, admitindo um rombo nas contas públicas de 119,9 bilhões de reais.
A Folha e o Estadão explicam as consequências desse adiamento para o governo.
FOLHA:
As prisões do líder do governo no Senado e de um dos príncipes do mercado financeiro agudizam a crise em várias frentes.
No Congresso, votações importantes serão adiadas a ponto de o Palácio do Planalto já temer não conseguir aprovar a nova meta fiscal deste ano, o que o obrigaria a contingenciar nada menos do que R$ 100 bilhões até dezembro.
Se não fechar as contas do ano em ordem, Dilma Rousseff começa 2016 extremamente vulnerável a um processo de impeachment.
Para cumprir a meta antiga de superavit primário, de 1,1% do PIB, em apenas um mês, o governo sofreria um verdadeiro 1shutdown': teria de dar calote na folha de pagamento e suspender um volume brutal de benefícios sociais.
ESTADÃO:
A presidente ficou diante de um problema dramático. Ela tem até o dia 30 para editar o próximo decreto de programação orçamentária -- ainda sem a nova meta fiscal aprovada.
A escolha de Dilma será entre uma posição que pode paralisar completamente o governo, aplicando um duro corte de despesas federais, ou entre repetir uma manobra que já foi considerada ilegal pelos ministros do TCU, baseando o decreto na premissa da nova meta fiscal de 2015, ainda não votada.
Dilma está mais uma vez por um fio e não será surpresa alguma se optar pela manobra ilegal.