Nike e empresários distraíram jogadores na véspera de jogo 03/07/2006
- Folha de S.Paulo
Na véspera do jogo contra a França, sobraram motivos para os jogadores se preocuparem além da partida. Encontros com patrocinadores, empresários e até telefonemas de amigos em busca de ingressos dividiram a atenção dos atletas com o confronto.
Não foi uma experiência única. Com exceção da partida diante do Japão, em todas as outras o time passou a noite anterior em hotéis abertos a hóspedes e visitantes.
Em Frankfurt, a Nike, patrocinadora da seleção, reservou um quarto no andar abaixo ao fechado pela CBF.
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Pelo menos um jogador, Robinho, que tem uma pendência na Justiça com a empresa, foi até lá, à noite, para conversar com representante da Nike.
Em Weggis, onde a equipe iniciou a sua preparação, representantes da empresa chegaram a freqüentar o hotel fechado pela CBF para os jogadores.
O supervisor Américo Faria, porém, acabou vetando a presença da patrocinadora.
No saguão do hotel de Frankfurt, na noite anterior à eliminação, circulavam pelo menos dois empresários, Gilmar Rinaldi, que chegou a se hospedar lá, e Wagner Ribeiro.
Rinaldi tem entre seus clientes Adriano e Juan. Ribeiro agencia Robinho. Os dois falaram com os atletas pelo celular.
Já o meia Ricardinho atendeu a telefonemas de um membro da Gaviões da Fiel que cobrava ingressos dele. Segundo ele, o meia prometera vender a ele um bilhete de cada jogo. Os atletas ganhavam um ingresso e podiam comprar mais nove.
Cartolas da CBF e de federações estaduais também desfilavam pelo local. Durante a estada em Frankfurt, alguns chegaram a ter acesso ao restaurante reservado para a seleção.
Como em todas as outras concentrações, mulheres também bateram ponto.
Depois da derrota para a França, a concentração foi escancarada de vez. Poucas horas após a partida, Raica, namorada de Ronaldo, chegou ao hotel, telefonou para o atacante, já de folga, e avisou que subiria. Disse que não poderia continuar no saguão, pois os jornalistas estavam se aglomerando.
Às 11h15 (de Brasília) de ontem, ela deixou o local ao lado de Ronaldo. Era o fim da Copa para o atleta.
Na chegada, torcida pede Scolari e Parreira sai à francesa
O técnico Carlos Alberto Parreira não falou à imprensa no desembarque da comissão técnica da seleção brasileira, no Rio, na manhã desta segunda-feira.
Esperava-se que o treinador concedesse uma entrevista coletiva e já havia um esquema preparado para tal, mas o comandante da campanha do Mundial da Alemanha saiu do aeroporto sem falar.
O técnico não passou pela área de desembarque, na qual cerca de 50 torcedores o aguardavam com gritos pedindo a volta de Luiz Felipe Scolari e outros impropérios (como ¨burro¨ e ¨mercenário¨).
Entre os integrantes da delegação, apenas o assessor de imprensa Rodrigo Paiva apareceu no salão de desembarque. O porta-voz afirmou que Parreira deve dar uma entrevista na tarde de hoje, ou no máximo amanhã.
O único jogador que desembarcou no Rio de Janeiro foi o lateral-esquerdo Gilberto.