Baderna financiada 02/12/2015
- O ESTADO DE S.PAULO
Desde que o PT chegou ao governo federal, o poder público vem financiando “movimentos sociais” que, mais do que oferecer soluções para problemas sociais concretos, estão sempre prontos para tumultuar o cotidiano dos brasileiros e o funcionamento das instituições.
Embora seus nomes e siglas expressem uma determinada finalidade social, isso é apenas uma fachada para uma contínua e multifacetária intervenção nos mais variados assuntos.
Essa aparente indeterminação de causas não é, no entanto, resultado de um descuido de seus líderes ou de falta de planejamento.
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Ao contrário, sua incansável -- e aparentemente aleatória -- atividade evidencia uma precisa disposição de atuar politicamente.
Entre esses “movimentos sociais” tem destaque cada vez maior o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
Nascido no fim dos anos 1990 a partir das fileiras do MST, seu objetivo é “combater a máquina de produção de miséria nos centros urbanos, formar militantes e acumular forças no sentido de construir uma nova sociedade”, segundo o site da organização.
O MTST não tem personalidade jurídica e utiliza associações para receber aportes do governo federal.
A Associação de Moradores do Acampamento Esperança de Um Novo Milênio, vinculada ao MTST, é a que mais recebeu dinheiro público do “Programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades” no Estado de São Paulo.
Foram mais de R$ 81 milhões, quase cinco vezes mais que a segunda colocada entre as entidades beneficiadas pelo programa federal.
Na lista aparece o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra Leste 1, com repasses de quase R$ 8 milhões.
Entidades assim compõem aquilo que Lula gosta de chamar, genericamente, de “exército de Stédile”, obviamente financiado pelo Estado para solapar e, se possível, derrubar os alicerces democráticos desse mesmo Estado.
O “Programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades” levanta controvérsias desde a sua criação, em 2009.
Ao repassar dinheiro público para entidades cujos fins são políticos e ideológicos, ele fortalece essas organizações.
Ao mesmo tempo, é uma forma de favorecer as “famílias organizadas por meio de cooperativas habitacionais, associações e entidades privadas sem fins lucrativos”, que têm acesso mais fácil à moradia do que as famílias não vinculadas a esses movimentos.
Se não cabe ao Estado fazer distinções entre cidadãos, com base no envolvimento de cada um com organizações sociais ou políticas -- pois isso fere a indispensável isenção do poder público --, menos ainda cabe a ele financiar movimentos que atuam fora da lei.
A cartilha do MTST prega a “luta contra o capital e o Estado que representa os interesses capitalistas” e diz abertamente que uma de suas formas prediletas de atuação é o bloqueio de rodovias.
Em sua ótica, tal ação vai muito além de “chamar a atenção para a reivindicação dos trabalhadores.
(...) Ao bloquearmos uma via importante estamos gerando um imenso prejuízo aos capitalistas.
(...)
Imaginem todas as principais vias paradas!
E paradas não por horas, mas por dias!
Conseguiríamos impor uma grande derrota ao capital e avançar na transformação que queremos.
Este é um grande objetivo do MTST”.
Não satisfeito em bloquear rodovias e avenidas, o MTST acaba de acrescentar a suas formas de atuação a invasão de escolas.
O movimento de Guilherme Castro Boulos entendeu que não podia ficar de fora da discussão a respeito da reestruturação da rede de ensino estadual e pôs em prática sua técnica de ocupação.
Conforme noticiou o Estado, o MTST coordenou algumas das recentes invasões de escolas estaduais.
A intromissão no tema da educação -- assunto sério, que afeta muitas famílias e não deve ser manipulado com fins ideológicos -- evidencia mais uma vez a finalidade política do MTST.
Sua preocupação não é a moradia popular.
Seu objetivo é intimidar para “derrotar o capital”, conforme manda sua cartilha.
Em tempos de aperto econômico, é mais do que hora de revisar os repasses públicos a esses “movimentos sociais”.