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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Menos Dilma, menos!
07/12/2015 - Blog de Ricardo Noblat - O GLOBO

O dia D de Michel Temer (SP), vice-presidente da República e presidente do PMDB, será hoje.

Se não for prorrogado, logo mais se esgotará o prazo para que todos os partidos entreguem a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, os nomes dos seus representantes na Comissão Especial que se debruçará sobre o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Serão 65 nomes.


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O PMDB terá direito a oito vagas na Comissão. Caso metade delas ou a maioria não venha a ser ocupada por deputados favoráveis ao impeachment, dificilmente terá sucesso o projeto de Temer de suceder Dilma a partir do próximo ano.

Caberá à Comissão avalizar ou não o pedido de impeachment apresentado à Câmara por um grupo de juristas, entre eles Hélio Bicudo, fundador do PT.

O que a Comissão recomendar irá à votação do plenário da Câmara. No total, são 513 os deputados, mas o presidente da Câmara não vota.

Com apenas 171 votos a seu favor, Dilma conseguirá impedir a aprovação do impeachment.

É o que manda a Constituição.

Líderes da oposição admitem, mediante a garantia de que seus nomes não serão revelados, que o governo conta com cerca de 220 a 250 votos fiéis, hoje.

Mas nada é menos fiel do que um político.

Com medo de não se reeleger, e agora de ser preso, ele é capaz de entregar a mãe, quanto mais o voto.

Que o diga o ex-presidente Fernando Collor.

No dia da cassação do seu mandato, ele viu, sem, acreditar, senadores que imaginava fiéis a si votarem por sua condenação.

Collor é senador do PTB de Alagoas, denunciado à Justiça por roubo.

Nada aprendeu.

Sem o ronco assustador das ruas, Dilma governará até o fim do seu mandato.

É por isso que a oposição quer empurrar com a barriga a data de votação do impeachment no plenário.

É também por isso que o governo quer apressá-la.

Para tal, seria suspenso o recesso de fim de ano do Congresso.

Haveria menos tempo para as ruas roncarem.

A oposição está se guardando para quando o carnaval chegar.

Temer, também.

Sua posição é delicada.

O governo tudo fará para constrangê-lo.

Começou a fazer.

No Recife, à caça de apoio e do mosquito da dengue, Dilma elogiou Temer como uma pessoa leal e um “grande advogado”.

Hipocrisia!

Dilma está convencida de que ele conspira para derrubá-la.

E que age assim desde que pregou o aparecimento de alguém para unificar o país.

Na ocasião, só faltou dizer:

“Esse cara sou eu”.

O vice será submetido a uma dieta básica de reuniões oficiais, fotografias com Dilma e perguntas de interessados em saber se ele está pronto para dar uma “traidinha”.

Em 1996, a expressão "traidinha" foi introduzida em definitivo no vocabulário político do país pelo então líder do PPB na Câmara, Wigberto Tartuce, ao votar favoravelmente à reeleição de presidente, governadores e prefeitos.

O PPB era contra.

Dilma se vale de um discurso marqueteiro para vencer a guerra do impeachment.

Diz que não roubou e que nunca teve contas bancárias lá fora.

Chama Eduardo para a briga quando não é com ele que deve brigar, mas com os fatos que lhe imputam.

Dilma é acusada de ter feito despesas sem autorização do Congresso.

Se o Congresso entender que fez, ela irá embora.

Simples assim.

Impeachment não é golpe.

A Constituição prevê.

Bill Clinton escapou de um impeachment por poucos votos.

Quase perdeu a presidência dos Estados Unidos ao negar que fizera sexo com uma estagiária na Casa Branca.

Alegou que sexo oral não é sexo.

Passatempo, talvez.


  

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