O país que se dane! 09/12/2015
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
A baixaria a que se assistiu ontem na Câmara dos Deputados, promovida por petistas e esquerdistas ainda mais rombudos, evidencia o DNA dessa gente.
Dado o risco de perderem as mamatas, dado o risco de serem derrotados pelo Estado de Direito; dado o risco de terem de se defrontar com a verdade, eles podem, sim, partir para o tudo ou nada.
Muita gente tem dúvida se petistas e comunistas associados tentarão promover a desordem no país caso sejam derrotados no processo de impeachment ou percam as eleições.
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A resposta, obviamente, é “sim”.
E o fariam por vários motivos:
1) porque não respeitam a democracia e não a têm como um valor inegociável;
2) porque acreditam na função redentora da violência;
3) porque se consideram monopolistas da virtude;
4) porque querem esconder seus crimes;
5) porque o crime se tornou seu meio de vida.
A truculência da base governista na Câmara nesta terça -- e olhem que estamos falando de parlamentares que estão submetidos ao decoro -- é a evidência de sua falta de limites.
Aliás, suas franjas nas ruas, como MST e MTST, o demonstram à farta, não é mesmo?
Sim, senhores!
Definida a votação secreta -- e os fanáticos queriam que fosse voto aberto porque, assim, os parlamentares poderiam ser pressionados pelo Palácio --, governistas tentaram impedir seus colegas de chegar às urnas.
Jorge Solla (PT-BA) foi um deles.
Atenção!
Os companheiros adeririam ao ludismo explícito: duas urnas foram quebradas -- tiveram suas respectivas telas arrancadas --, e duas outras foram desligadas.
Quem acompanhou a cena diz que Afonso Florence (PT-BA) foi um dos responsáveis pelo estrago.
O dado quase cômico é que, enquanto, o pau comia, José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, proclamava aos brados a sua saudade dos tempos de Ulysses Guimarães, como se a arruaça não fosse protagonizada por sua turma.
Mas o espetáculo de truculência circense serve para esconder uma outra, mais grave.
Renan Calheiros (PMDM-AL), presidente do Senado, aquele que gritava aos quatro cantos que o partido se apequenou quando Michel Temer assumiu a coordenação política do governo -- afinal, ele estava “de mal” de Dilma --, bradava que o recesso tem de ser suspenso porque, disse ele, os congressistas não “podem cruzar os braços nessa hora”.
Vale dizer: o objetivo é votar tudo a toque de caixa, bem distante dos olhos da população.
Mas também essa convocação não vai ser fácil.
Estabelece o Artigo 57 da Constituição:
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:
I – pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República;
II – pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo,
8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação.
Em qualquer desses casos, é preciso contar com a concordância de metade mais dos deputados e dos senadores.
Renan pensa em dar uma ajuda para o governo com uma manobra descarada: deixar de votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o que impediria o Congresso de entrar em recesso.
Em suma: quando eles não estão quebrando urnas, estão tentando quebrar as regras.
Tudo isso para garantir o mandato de Dilma Rousseff nas condições em que vemos.
Essa gente não está se dando conta do tamanho da crise e está fazendo um esforço enorme para que as coisas não terminem bem.
Estão confundindo a realidade com a versão vendida por seus pistoleiros na subimprensa.
Digamos que Dilma consiga os 171 (ou 172) votos de que precisa para permanecer no cargo.