A política brasileira virou um buffet de confusões a quilo. Há fartura de pratos para todos os gostos 24 horas por dia.
Nunca foi tão atual a boutade do ex-governador mineiro Magalhães Pinto: “Política é como nuvem: uma hora está de um jeito; outra, quando a gente olha de novo, está de outro”.
Com o upgrade do PT, a mudança não é de hora em hora, e sim em tempo real.
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Tudo começa com o cruzamento da incapacidade do governo de reagir à mais profunda crise com as revelações impactantes da Operação Lava-Jato, extraordinários vetores do nó cego político que debilita o país.
É como se toda a energia, inteligência e trabalho tivessem sido vampirizadas ao longo dos últimos 12 meses.
De sobremesa temos fragmentação partidária, destruição da economia, lideranças anêmicas, judicialização da política, crise fiscal e uma profunda falta de criatividade e de coragem.
Sobram ainda num canto do salão fartas doses de omissão do empresariado não atingido pela Lava-Jato, que reclama mas nada propõe.
Nem se mobiliza frente ao afundamento dramático de uma economia de maus resultados -- inflação superior a dois dígitos em 12 meses, arrecadação em parafuso, PIB na UTI e o espantalho do desemprego.
Mais assustador ainda: o acaso aparece de tempos em tempos no trem-fantasma do parque.
Seja no inesperado sucesso de um plano de governo -- “Uma ponte para o futuro” --, bem recebido por uma sociedade que produz um partido por mês sem programa nem ideologia, seja pelo impacto causado pelo vazamento de uma carta pessoal de Michel Temer para Dilma Rousseff.
No Buffet Brasil, tudo pode acontecer. Inclusive ficarmos um bom tempo marinando na crise, chocando a serpente.
Com refinados ingredientes à disposição do chef, estão asseguradas as mais eletrizantes emoções.
Às vezes até com um japonês batendo à porta às 6 horas da manhã.
O tempo não para.
2014 não acabou, 2015 não aconteceu e 2016 já está em campo.
À espera de lideranças que nos guiem para fora da crise.