FHC desce do muro e PSDB fecha o apoio ao impeachment 11/12/2015
- Blog de Ricardo Noblat - O GLOBO
Embora paralisado pelo Supremo Tribunal Federal, o processo de impeachment da presidente Dilma avançou mais até aqui do que seus promotores e simpatizantes haviam imaginado.
Assim se passaram apenas oito dias desde que Eduardo Cunha, presidente da Câmara, admitiu o pedido de impeachment apresentado por um grupo de juristas -- entre eles, Hélio Bicudo, fundador do PT.
Nesse período, o governo foi derrotado na formação da Comissão Especial que dará parecer sobre o pedido; perdeu como líder do PMDB o deputado Leonardo Picciani (RJ), um aliado de Dilma; e viu o vice-presidente Michel Temer distanciar-se ainda mais de Dilma.
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O Supremo Tribunal Federal paralisou o processo de impeachment. Mas isso não impediu que ele seguisse provocando seus efeitos.
O Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, virou ponto de romaria de políticos.
A grama por ali, de repente, ficou baixinha.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que ainda resistia à ideia de ver Dilma derrubada, finalmente aderiu a ela.
Foi ontem quando o PSDB reuniu seus principais líderes, e seus seis governadores, para anunciar que o partido estará firme ao lado dos que defendem o impeachment.
— As razões são suficientes [para aprovar o impeachment]. Como foi dito pelo vice-presidente Michel Temer em seu livro, esse é um processo jurídico/político. A presidente desrespeitou reiteradamente a Lei de Responsabilidade Fiscal, tendo em vista a circulação de muito recurso lateral para programas sociais em ano eleitoral. É preciso se formar o clima político. Se esse clima político não se formar não há nada que derrube um presidente, que foi eleito. Mas o clima atual é que o Brasil está paralisado e um país como o Brasil não pode ficar parado, esperando que as coisas se resolvam por si só - disse Fernando Henrique.
Confurso?
Concordo.
Mas essa gente do PSDB é assim quando forçada a descer do muro.
- Estaremos apoiando os movimentos de rua, mas com muita serenidade. O PSDB, com seus governadores e líderes, está coeso, convergente e sabendo qual será o seu papel no futuro. Foi uma reunião para afinar a orquestra - disse Aécio.
Alckmin, governador de São Paulo, justificou a decisão:
- Não é um pedido golpista. Tanto é que o PT pediu impeachment dos presidentes Itamar Franco, Fernando Henrique e só não pediu de Lula porque era petista. O PT é o rei do impeachment.
Dentro do PT, mais e mais dirigentes do partido reconhecem que dificilmente Dilma completará o mandato para a qual foi eleita.
Ouvi de um deles:
- Não há muito que fazer a essa altura.
Foi uma Dilma “muito emocional”, como a descreveu Temer, que apelou ao seu vice para que não a abandonasse. E para que impedisse o PMDB de abandoná-la.
Temer respondeu que seu partido está dividido. E que por isso ele nada fará para que o impeachment seja rejeitado ou aprovado.
Dilma paga o preço por ter tratado Temer como um vice decorativo, e desprezado os chamados políticos tradicionais.
Ninguém gosta dela porque ela não gosta de ninguém.