O amigo de Lula é tão gentil! 15/12/2015
- Blog de Felipe Moura Brasil - Veja.com
José Carlos Bumlai, amigo de Lula, admitiu à Polícia Federal que os R$ 12 milhões que tomou de empréstimo junto ao Banco Schahin, em 2004, foram destinados ao PT, como anteciparam na segunda-feira os procuradores do MPF.
Duas semanas atrás, ele havia dito o contrário: “O recurso obtido com o empréstimo não se destinava ao Partido dos Trabalhadores”.
“Nunca passou recursos ao Partido dos Trabalhadores”.
Confrontado com materiais encontrados em operação de busca e apreensão que contradiziam suas declarações, Bumlai acabou confessando o que chamou de “gentileza” ao PT:
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“Não tinha havido Mensalão ainda, o partido estava com grande popularidade. Não iria custar nada a mim, eu quis fazer um favor, uma gentileza para quem estava no poder.”
Ele disse que “fez um gesto de simpatia, que se transformou em uma grande bobagem”.
Sei.
Segundo Bumlai, quem sugeriu a ele que fizesse o negócio foi o próprio presidente do Banco Schahin, Sandro Tordin, que lhe indicou que tomasse o empréstimo “para passar ao PT, via Bertin”.
O montante foi repassado para contas do Grupo Bertin logo após o dinheiro entrar na conta de Bumlai.
Segundo o Estadão, o amigo de Lula declarou à PF que “ficou de pensar no assunto”, mas que logo no dia seguinte foram à sua residência em Campo Grande (MS) o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, “e mais gente do partido” que afirmou não se lembrar do nome porque “nem abriram a boca na reunião”.
Tordin também foi à reunião, com o contrato na mão, segundo Bumlai.
Bumlai (ainda) não envolveu Lula na operação, mas, em delação premiada, Salim Schahin, um dos donos do grupo Schahin, afirmou que Bumlai e Delúbio disseram que Lula estava a par do empréstimo de R$ 12 milhões, depois “quitado” com o contrato de operação do navio-sonda Vitoria 10.000, entre a Petrobrás e a Schahin, em 2009.
Convém lembrar que, segundo Marcos Valério, pelo menos metade desses R$ 12 milhões foram repassados ao empresário Ronan Maria Pinto, que, como revelou VEJA em setembro de 2014, chantageava Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho sobre a participação do PT no assassinato de Celso Daniel, então prefeito de Santo André.
Essa foi a verdadeira “gentileza” de Bumlai ao PT.
Um “gesto de simpatia, que se transformou em uma grande bobagem”.