O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Um freio no avanço de Temer
16/12/2015 - Blog de Ricardo Noblat - O GLOBO

Quem saiu ganhando com a nova etapa da Lava-Jato deflagrada ontem?

A quem interessava o constrangimento imposto ao PMDB do vice-presidente Michel Temer, aspirante à sucessão de Dilma caso ela seja derrubada ao fim do processo de impeachment?

Não está em discussão, pelo menos aqui, o mérito da ação da Polícia Federal autorizada pelo ministro Teori Zavaski, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).


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A lei foi feita para todos.

E se bandidos há por toda parte e em todos os partidos, que sejam severamente punidos.

Mas o governo e o PT têm razões suficientes para celebrar a ofensiva contra Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados; Renan Calheiros, presidente do Senado; os ministros do Turismo e da Ciência e Tecnologia; o ex-ministro das Minas e Energia, e mais alguns bagrinhos.

Toda essa gente é do PMDB.

O único político de fora do partido, alvo, também, dos agentes federais, foi o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), que era ligado ao ex-governador Eduardo Campos, morto em um acidente de avião em agosto do ano passado.

Queixava-se o PT de ser perseguido pela Lava-Jato; de ser o único objeto de vazamentos seletivos de informações destinadas a macular sua imagem; da má vontade com ele do juiz Sérgio Moro; e coisas que tais.

Já não pode se queixar. A vez do PMDB chegou. E em grande estilo.

Por meio de porta-vozes formais e informais, o governo manifestou sua preocupação com possíveis retaliações futuras do PMDB.

Por isso nada comemorava, nem poderia.

Lorota.

Dilma ficou feliz.

Os ministros em torno dela, salvo um, também ficaram felizes.

Não poderia ter havido momento melhor para dar uma traulitada forte no PMDB.

Era o dia de mais uma reunião do Conselho de Ética da Câmara para votar ou não o início do processo de cassação do mandato de Eduardo -- o Conselho votou, finalmente, e o processo irá adiante.

Era véspera da sessão de hoje do STF quer confirmará ou revogará decisões tomadas pela Câmara quanto ao impeachment de Dilma.

Revogará algumas, as mais importantes.

E avançava, aparentemente sem obstáculos, o movimento para empossar Temer na presidência do país.

Haverá um freio no movimento.

Cresce o receio no PMDB de que o vice, uma hora dessas, possa ser vítima de uma bala perdida disparada pela Lava-Jato.

O PMDB que resiste a cair nos braços de Temer não deixará de continuar resistindo a ele, e ainda mais agora.

Turvou-se o horizonte.

E é preciso que o sol volte a iluminá-lo depois do recesso do Congresso para que se tenha uma ideia do que está por vir.

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