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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Itamar Franco: ¨Eles só se preocupam com a calculadora¨
08/07/2006 - Célia Chaim -- Revista ISTOÉ

Os cabelos continuam iguais -– o topete também. Itamar Franco, o presidente que assumiu o governo após a derrocada de Fernando Collor, não é candidato a nenhum cargo nas próximas eleições. Aos 73 anos, ele foi emparedado, de um lado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de outro pelo PMDB, que ele não considera mais o seu partido. De acordo com as pesquisas eleitorais em Minas Gerais, Itamar tinha mais de 50% das intenções de voto, contra cerca de 20% de seu adversário na disputa peemedebista, o ex-governador Newton Cardoso. Ao final da convenção, porém, o vencedor foi Cardoso, e não ele. Itamar não tem dúvida da razão por que isso aconteceu: Newton Cardoso aliou-se ao presidente Lula, de quem se considera “velho companheiro de botequim”, e ao PT. Itamar manifestou preferência por apoiar a reeleição do governador Aécio Neves e o PSDB de Geraldo Alckmin. Por isso, a rasteira. Itamar Franco está ressentido. Mas mantém-se lúcido em relação ao Brasil de hoje. Herdeiro do governo do único presidente deposto por corrupção num processo de impeachment, Itamar Franco disse a ISTOÉ, em entrevista concedida em Belo Horizonte na quarta-feira 5, que o Brasil vive hoje uma era nunca vista de total desrespeito à ética.

Em 2002, seu apoio ao candidato Lula foi a garantia que ele precisava para entrar no Estado de Minas. Por que o sr. resolveu não apoiá-lo novamente?

De fato, fui o primeiro governador de Estado a apoiar a candidatura de Lula. Esperava a vinda de uma era de esperança, de renovação, de retomada do crescimento no País, de avanços socioeconômicos, da ética na política, da erradicação do desemprego. Havia, enfim, uma grande corrente de entusiasmo da população por novos tempos. Em Minas Gerais, demos a nossa grande colaboração, chegamos a gravar mensagens. Hoje, sente-se um povo abalado com o quadro que lhe foi oferecido. Quanto ao meu apoio ao presidente Lula nessa reeleição, fui surpreendido com a sua atitude. Ele é que dispensou nosso voto, antes mesmo que terminássemos nossas articulações. Ele veio a Minas despudoradamente negociar uma candidatura contrária à nossa. É o próprio candidato do PMDB (Newton Cardoso) que se jacta do apoio do Planalto pela imprensa.


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O sr. se tornou presidente em conseqüência do processo de impeachment que tirou Fernando Collor do poder. O que fez Collor foi menos grave do que faz agora Lula?

Não vou me referir ao governo que sucedi, cujos atos já foram demasiadamente avaliados e julgados. Quanto aos fatos ocorridos no atual governo, devo dizer que em toda a minha vida nunca assisti a tanto desmando e a tanto desprezo à ética e ao bem público quanto no governo Lula. Concordo com o que disse o general Gilberto Barbosa de Figueiredo, que vivemos em uma época em que a corrupção, dentro dos próprios Poderes da República, é dissimulada sob as justificativas mais inconsistentes.

Foi em seu governo que se criou o Plano Real e se iniciou a estabilidade econômica do País – estabilidade que agora o governo Lula utiliza como bandeira. Na sua avaliação, o governo administra bem a economia?

Na verdade, a procura da estabilidade começou em setembro de 1992, com os ministros Paulo Haddad, Gustavo Krause e Eliseu Resende. Posteriormente, com o então presidente Fernando Henrique, Rubens Ricúpero, o “sacerdote do Plano”, e Ciro Gomes, entre outros. Com alterações na condução do Plano Real durante esses 12 anos, chegou-se à situação atual. Há muito a ser feito a fim de que se alcance o índice de crescimento que atingimos em meu governo. A atual política econômica gera como conseqüência a queda dos níveis de emprego e a crescente diminuição do nosso setor produtivo. Hoje vivemos situações tão anômalas quanto inacreditáveis. Vemos indústrias brasileiras produzindo na China em busca de menores custos. Uma importação desenfreada e sem controle e uma exportação altamente comprometida pela política cambial. É tão absurdo que quem mais ataca a política de juros adotada é o próprio vice-presidente da República.


Há quem diga que o tucano Geraldo Alckmin foi lançado para perder, num processo para guardar lugar para o governador Aécio Neves em 2010. O sr. acha esse plano possível?

Em primeiro lugar, há que se respeitar a integridade moral e a personalidade do governador Geraldo Alckmin, que jamais concordaria com um projeto dessa natureza. Quanto ao governador Aécio, haverá uma natural condução de seu projeto para 2010. Com o seu trabalho à frente do governo de Minas, mostrará ao Brasil que chegou a hora de um novo pacto federativo e, sobretudo, que o social não é um subproduto do crescimento econômico. Lembro a frase dos estudantes em Paris em maio de 1968: “Para nós, não basta mudar de vida; é preciso mudar de vida.”

Qual a sua avaliação do atual momento do PMDB, que abre mão de uma candidatura própria para facilitar acordos estaduais?

Infelizmente, o nosso PMDB, desde a candidatura do doutor Ulysses (Ulysses Guimarães), perdeu a dimensão de sua potencialidade. É o partido de maior capilaridade no País, mas prefere se comportar como uma federação. Em cada Estado, tem uma visão. Existe uma real disparidade de pensamento no seu seio. O PMDB caminha a passos céleres para a sua destruição. Já não existe mais a convicção ideológica e doutrinária do partido. As decisões são tomadas ao sabor de interesses pessoais e de grupos. Para as próximas eleições, se fizermos uma avaliação das coligações estaduais, veremos um verdadeiro caleidoscópio em que os acordos são inacreditáveis, unindo as correntes mais antagônicas, mas sempre movidas a calculadora. Não há debate, imagino o que será na campanha política. A sorte deles é que os comícios já não são mais freqüentes – se o fossem, eles não teriam o que falar. Não há como compatibilizar o comportamento das diversas correntes coligadas. Por isso, não há como unir o partido em torno de uma candidatura própria, porque os olhos não estão voltados para o alto e para a frente, e sim para o próprio umbigo.

  

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