O governo que acolhe devotos de Bin Laden continua castigando o senador boliviano perseguido por Morales 13/01/2016
- Valentina de Botas - Veja.com
É tarde para sermos inocentes ou talvez nunca tenha havido o chamado tempo da inocência, mas sempre há tempo para a decência se houver homens decentes.
As últimas notícias sobre o senador boliviano Roger Pinto Molina informam que continua morando em Brasília, longe da família que veio da Bolívia para o Acre, e que se desfaz do patrimônio para sobreviver já que não tem visto de permanência no Brasil que o permita trabalhar – ele ainda aguarda uma resposta do governo de Dilma Rousseff.
Antes da fuga angustiante empreendida para o Brasil graças à coragem movida por indignação do diplomata Eduardo Saboya, que não ficou impune pela escolha moralmente correta, Molina, todos nos lembramos, viveu o drama e a humilhação de se confinar a um quarto de 20 metros quadrados na embaixada brasileira na Bolívia por 455 dias enquanto o governo brasileiro, na cumplicidade asquerosa com regimes asquerosos, ignorava os apelos do senador e do pessoal diplomático pelo salvo-conduto indispensável para que o senador viajasse, pois apenas a concessão de asilo já feita não bastava.
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O crime do senador foi denunciar as relações do regime de Evo Morales com o narcotráfico.
Enquanto isso, Adlene Hicheur, um cientista franco-argelino ligado à Al-Qaeda e condenado por terrorismo na França, entrou sem dificuldades no Brasil em 2013, vive no Rio de Janeiro e ganhou emprego na UFRJ, com salário mensal de 11 mil reais.
Ambos, o boliviano e o franco-argelino, vivem cotidiano incerto de fugitivos. Aquele porque inocente, este porque culpado.
No país governado pela escória, os brasileiros decentes constatamos envergonhados que Hicheur não tinha com o que se preocupar até sua história ser noticiada; Molina só tem chance à vida decente que busca se não for esquecido.
E o Brasil deixará de ser a escarradeira do mundo apenas quando se livrar da dinastia petista alinhada ao antissemitismo protuberante, ao antiamericanismo sempre bocó e a facínoras internacionais.
Como o trabalho decente que os venezuelanos ensaiam e que os argentinos já iniciaram com a eleição de Macri, arejando moralmente os respectivos países, deixando-os mais leves também para voos na economia, sem o peso da roubalheira, do autoritarismo e da incompetência.
Que os brasileiros decentes se apresentem para o mesmo trabalho.