capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 01/10/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.774.922 pageviews  

Curto&Grosso O que ainda será manchete

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Vale qual?
21/01/2016 - CARLOS ALBERTO SARDENBERG - O GLOBO

Por que as pessoas não querem se endividar nem para investir nem para consumir? Porque não sabem como será o amanhã

Por que a presidente Dilma não foi a Davos neste ano? Uma boa resposta: para não criar atrito com os movimentos sociais, os sindicatos e a esquerda em geral, que estão em Porto Alegre celebrando o Fórum Social.

Mas há outra explicação: Dilma estaria muito desconfortável nos Alpes suíços, e não por causa do frio. Ocorre que a presidente fez um longo discurso em janeiro de 2014, lá mesmo, dando lições de como sair da crise e garantindo que seu governo continuaria intransigente no controle da inflação e no equilíbrio das contas públicas, sem descuidar do incentivo ao crescimento.


PUBLICIDADE


Hoje teria que gastar todo o seu tempo tentando explicar como as coisas podem ter dado tão errado. A economia brasileira, que já não vinha bem, entrou na rota do desastre justamente naquele ano de 2014.

Dilma mudou três vezes o seu discurso.

A ortodoxia de Davos foi logo abandonada. Na medida em que a campanha avançava, a presidente fazia o diabo para ganhar e mudou para a plataforma Porto Alegre. Um assessor da candidata Marina comentou, lá pelas tantas, que o estado deplorável das contas públicas exigia um choque fiscal.

Dilma definiu: choque fiscal é cortar tudo para pagar juros aos bancos.

Banco Central independente? Isso é pauta dos bancos, cravou a presidente.

Logo, nada de ajuste, nem de elevar os juros, já que essas duas políticas seriam pró-ricos.

A terceira mudança, uma volta a Davos, se deu após a vitória. A presidente convocou um ortodoxo para a Fazenda, Joaquim Levy, que começou a fazer a... “pauta dos bancos”.

Mas como Dilma é uma “esquerdista com mais conteúdo ideológico”, como disse Lula, ontem, a presidente embarcou no ajuste contrariada. Acabou que o próprio governo sabotou essa política econômica, a tal ponto que Levy não teve alternativa senão pegar o boné.

Agora, também como disse Lula, Dilma precisa apresentar rapidamente a pauta do crescimento. E, de fato, a presidente está falando em turbinar o crédito, por exemplo, via bancos públicos.

Nessa confusão, nenhum caminho deu certo. A tal política de estímulo ao crescimento terminou em inflação acima dos 10% e uma recessão de 4% — dois recordes, duas realizações efetivamente inéditas. E isso com os juros na Lua. O ajuste a meia boca e logo interrompido deixou um... aumento de impostos.

Aliás, outro dia a presidente disse que precisava de mais impostos porque, com a atividade econômica muito baixa, cai a arrecadação de tributos. Ora, é o contrário, não é mesmo? Se as empresas já enfrentam queda de vendas, tendo que cortar gastos e empregos — aumentar a carga tributária pode ser o tiro fatal.

Aquela lógica só funciona para um governo que não quer cortar os gastos nem fazer qualquer reforma. Só tomando mais dinheiro do contribuinte conseguiria equilibrar as contas. Dá-lhe CPMF.

Mas esse mesmo governo promete dar em troca o alívio do crédito. Não vai dar certo, de novo.

Não é que esteja faltando crédito. As empresas e as pessoas é que não querem tomar dinheiro emprestado. Como notou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, certamente fonte autorizada e também amigo do governo, a demanda por crédito hoje “é quase inexistente”.

E por que as pessoas não querem se endividar nem para investir, nem para consumir? Simples. Porque não sabem como será o dia de amanhã. Mas sabem que do jeito que está, a coisa vai mal.

Vale qual política econômica? A do aumento do gasto público, em suas diversas modalidades? Essa, o pessoal já sabe, terminou em completo desastre.

A outra, tipo Davos, mal andou e já foi abandonada. Ok, volta-se a Porto Alegre. Qual a chance de dar certo algo que já deu muito errado?

Coloque em cima disso o risco político e se entende por que a previsão para este ano é de outra recessão.

LULA E OS JORNALISTAS

O ex-presidente disse ontem que vai processar “todo mundo”. No caso, trata-se dos jornalistas que, em sua avaliação, publicam mentiras sobre ele, Lula, sua família, seus amigos, seu partido.

Tem esse direito.

A liberdade não exclui a responsabilidade. O jornalista pode publicar o que quiser, mas se veicular calúnia, injúria ou difamação, o ofendido tem todo o direito de ir aos tribunais.

Míriam Leitão e eu processamos — e já obtivemos uma primeira vitória — o funcionário do Palácio do Planalto que alterou nossas biografias na Wikipedia, incluindo trechos ofensivos e mentirosos.

O problema é que Lula quer processar “todo mundo” porque acha que tudo que sai desfavorável a ele, como as denúncias da Lava-Jato, é mentira. E se fosse assim, ele devia começar processando o procurador Deltan Dallagnol e o juiz Sérgio Moro, assim como todos os delatores.

Os jornalistas sérios só estão contando o que ouvem aqui e ali.


  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques