A goleada dos pessimistas 05/02/2016
- RAQUEL LANDIM - FOLHA DE S.PAULO
Em um pequeno comício na Central Única dos Trabalhadores (CUT) em São Paulo, a candidata à reeeleição Dilma Roussef afirmou em meados de 2014 que "como na Copa, vamos dar de goleada nos pessimistas".
A crítica aos "pessimistas de sempre" sobre a economia brasileira se tornou um mantra da campanha, com a presidente pedindo aos cidadãos que não acreditassem nessas "profecias".
A verdade é que Dilma foi profética, mas não da maneira que pensou. Ao invés de calar seus críticos, como ocorreu na organização da Copa, ela está assistindo o Brasil perder de 7x0 na economia.
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Os "pessimistas" acertaram quase todas suas "profecias", mas muitas vezes não imaginavam o tamanho do buraco. Chegaram a ser otimistas. Vejamos os "gols".
- Primeiro gol: os pessimistas disseram que a crise estava "contratada" e que o país entraria em recessão. Só não previram que o PIB cairia 4% em 2015, seguindo em queda em 2016.
- Segundo gol: os pessimistas disseram que a inflação ultrapassaria o teto da meta de 6,5%. O IPCA ficou acima de 10% e a alta de preços não dá sinais de significativo arrefecimento, apesar da recessão.
- Terceiro gol: os pessimistas diziam que a gastança do governo para subsidiar alguns setores criaria um rombo nas contas públicas. Pois é.
- Quarto gol: os pessimistas apostavam que o Brasil corria o risco de perder o selo de bom pagador das agências internacionais. Mas não sabiam que isso ocorreria ainda em 2015.
- Quinto gol: os economistas diziam que a falta de confiança no país poderia desvalorizar o real, mas nenhum artilheiro acertou o chute. O dólar chegou a R$ 4,00.
- Sexto gol: os analistas alertaram que o congelamento do preço da gasolina comprometeria a Petrobras. Com os danos da Operação Lava Jato só começando, não dava para sonhar que a ação cairia abaixo de R$ 5,00.
- Sétimo gol: os pessimistas diziam que os fundos de pensão estatais estavam sendo utilizados politicamente para financiar projetos inviáveis.
Apenas um exemplo: a Sete Brasil, que construiria dezenas de plataformas de petróleo, está praticamente quebrada, deixando o prejuízo para os fundos e seus sócios.
Agora vamos dar uma chance ao governo, que marcou um gol. O apagão de energia elétrica previsto pelos pessimistas não aconteceu. Isso porque a economia encolheu tanto que até a precária infraestrutura brasileira está dando conta.
O maior problema é que, ao contrário do 7x1 da Alemanha, o jogo ainda não terminou e ninguém sabe quantos gols os "pessimistas" ainda vão marcar. Haja coração!