Que conquistas, senhor ministro? 13/02/2016
- PAULO LOFREDDA*
A matéria "Brasil fecha 1,5 milhão de vagas em 2015, pior resultado desde 1992" publicada pela Folha no dia 21 de janeiro fez-me lembrar da frase "A História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo", de Napoleão Bonaparte.
Isso porque, ao comentar os vertiginosos dados do Caged, o ministro do Trabalho Miguel Rossetto reconheceu a tangível obviedade desses números num ano "ruim para o emprego...com diminuição de renda". Mas (pasmem!) teve a insensatez de afirmar que "essas perdas não anularam as conquistas dos últimos anos".
Os mais de 1,5 milhão de trabalhadores demitidos nos ano passado (e seus empregadores) conhecem muito bem as "conquistas dos últimos anos" relembradas pelo ministro do Trabalho - todas cansativamente enfiadas goela abaixo dos brasileiros durante a campanha presidencial de 2014.
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Quem não se lembra da candidata Dilma exibindo faceiramente os gordos números do Brasil de seu antecessor na campanha que a elegeu presidente em 2010 com 55,750 milhões de votos? E os dos seus próprios feitos que a reelegeram em 2013 com 54,5 milhões de votos?
Mas é absolutamente impossível esquecer que a reeleição da presidente Dilma deveu-se a argumentos pouco verdadeiros e muito frágeis, a ponto de o primeiro ano de seu segundo mandato nos trazer um Brasil encalacrado em desordens de todas as ordens nos planos socioeconômico, fiscal, político, moral e ético.
Portanto, não creio que deva um ministro do Trabalho pedir aos brasileiros que se recordem de tais "conquistas", que claramente resultaram em momento de desemprego acachapante, de 59 milhões de pessoas inadimplentes e de empresas fechando ou a fechar suas portas.
Ninguém nesse início de 2016 tem vontade ou disposição para se sentir bem ao pensar no recentíssimo passado brasileiro. Na verdade, queremos mudar cenários, e fazer de tudo para os superar.
Queremos produção que gera emprego e renda. Empreender e abrir vagas no mercado de trabalho. Ver girando a roda da economia em todos os setores produtivos - essa mesma roda que faz o PIB, do qual o setor público abocanha cerca de 40%.
Pensando no que a história do Brasil terá para contar dessa segunda metade da segunda década do século 21, queremos repostas e atitudes para hoje. Sem histórias recheadas de mentiras e acordos, como disse Napoleão.
E tudo muito imediatamente, porque, como também disse o imperador francês, "o tempo é o único bem totalmente irrecuperável". E o Brasil tem pressa, senhores mandatários da República!
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*Presidente Nacional da Central Brasileira do Setor de Serviços - Cebrasse