O PT como seita 01/03/2016
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Volto à troca de guarda no Ministério da Justiça, com a saída de José Eduardo Cardozo e a chegada de Wellington César, homem de Jaques Wagner, que é ministro da Casa Civil e braço de Lula no governo.
Vocês conhecem a máxima de que não basta à mulher de César ser honesta. Ela também precisa parecer.
No limite da hipocrisia funcional, a dita mulher nem seria honesta, mas, ao menos, faria um esforço para parecer, salvando, assim, as aparências e preservando o poder de passar por um vexame.
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Um governo está em maus lençóis quando, incapaz de ser honesto, porque não é de sua natureza, já não consegue nem mesmo fingir a seriedade para salvar as aparências e preservar o decoro.
É o que se passa, neste momento, com o governo Dilma.
A substituição do ministro da Justiça não obedeceu nem mesmo ao ritual da hipocrisia. Todo mundo sabe o que todo mundo sabe. Todo mundo entende o que todo mundo entende. Todo mundo viu o que todo mundo viu…
O objetivo é um só: buscar um caminho para interferir na Polícia Federal.
A mudança foi imposta a Dilma goela abaixo. Mais uma. Lula já não se ocupa em disfarçar.
Os petistas, que aparelham tudo, resolveram, agora, aparelhar o aparelho.
Vale dizer: o governo Dilma está sob a intervenção de um ente que já nem é mais o petismo; está sob a estrita vigilância do lulismo.
É evidente que se foi qualquer sombra de dignidade. O jogo se explicitou. Dilma não tem para onde correr. Se quiser o apoio incondicional do petismo, tem de entregar o governo e a honra.
Se resolver comprar a briga, ficará no meio do fogo cruzado porque é evidente que a oposição também não irá socorrê-la. Nem deve. Lugar de oposicionista é na rua, cobrando seu afastamento.
O delírio no petismo é tal que setores do partido reclamaram da forma como foi escolhido o novo ministro.
Queriam Wadih Damous (RJ) ou Paulo Teixeira (SP), ambos deputados federais, notavelmente agressivos no trato com a oposição.
Isso é um sinal de que o PT está entendendo o exercício do poder como ação de seita ou de milícia.