Heloísa, uma pedra no sapato do companheiro Lula no Rio 07/08/2006
- Tribuna da Imprensa
O PT quer obter no Rio a votação mais expressiva para a reeleição do presidente Luis Inácio Lula da Silva. É o que ficou claro ontem de manhã, na reunião plenária do partido na cidade, coordenada pelo presidente nacional da legenda, Ricardo Berzoini. O PT pretende ocupar o vácuo deixado pela não candidatura de Anthony Garotinho (PSB), que em 2002 conquistou 42,18% dos votos no primeiro turno enquanto a Lula couberam 40,16%. No segundo turno, apoiado pelo ex-governador do Rio, Lula obteve 78,9%.
A pedra no caminho do PT este ano pode chamar-se Heloísa Helena, do PSOL, que parece estar conquistando os votos de contestação, tradicionais do Rio de Janeiro. Segundo pesquisa do Instituto Sensus, divulgada pelo ¨Jornal do Brasil¨, enquanto Lula obtém no Rio 34,5% das intenções de voto, a senadora alagoana atinge os 17,6%, mais do que o tucano Geraldo Alckmin, com 15,8%.
Berzoini explicou a uma militante como o PT pretende tratar a ex-aliada: ¨Nós precisamos tirar os votos da Heloísa Helena, não brigar com ela¨. O PSOL, por sua vez, aposta que terá no Rio sua maior votação. Há outro fator a atrapalhar Lula no Estado: a fraca posição do candidato Wladimir Palmeira na disputa pelo governo estadual.
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Enquanto em 2002 Benedita da Silva, concorrendo à reeleição, teve quase a metade dos votos da sua principal concorrente - foram 24,4%, contra os 51,3% que garantiram a vitória a Rosinha Garotinho (PSB) no primeiro turno - este ano, segundo a mesma pesquisa Sensus, Palmeira tem apenas 1,4% da intenção dos votos.
O outro aliado de Lula no Rio é o senador Marcelo Crivella, do PRB, com 18,1% dos votos. Já o favorito, o senador Sérgio Cabral, do PMDB, dispara com 37,5%, mas diz se manter neutro na disputa dos presidenciáveis.
O que ficou claro na reunião de ontem é que a idéia da Constituinte restrita para fazer a reforma política, que o presidente Lula adotou após ouvir de um grupo de juristas, será a bandeira da campanha para fazer frente às denúncias de envolvimento de petistas com a corrupção e a falta de ética.
¨Não temos como esconder a crise ética¨, lembrou Palmeira para, em seguida, apontar a forma de lidar com o assunto: ¨Não podemos ficar discutindo qual partido tem mais envolvidos. A questão é estrutural. Para resolvê-la, só com a reforma política como proposto pelo presidente Lula. Fui deputado por oito anos e sei que este Congresso que está aí não fará a mudança. Eles não votam contra os seus interesses. A Constituinte restrita é uma proposta de aprofundamento da democracia e não de desestabilização dela, como dizem seus críticos¨.
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