A história da criação da Petrobras, no segundo governo Getúlio, no início da década de 50, converteu a estatal em símbolo da nação. E por isso mesmo, por ter surgido de uma saga nacionalista, ela se presta a muita manipulação. O resultado tem sido desastroso, principalmente nestes tempos de PT no Planalto.
Na gestão Lula, tudo era motivo para comemorações encharcadas de patriotismo, e sempre atentas ao calendário eleitoral. Na reeleição de Lula (2006) e na primeira vitória de Dilma (2010), o petróleo do pré-sal foi um dos abre-alas de campanha.
Na primeira metade do governo inicial de Dilma, emergiu o projeto megalomaníaco lulopetista de converter o pré-sal no pilar de uma ambiciosa política de substituição de importações, inspirada no modelo — que já não dera certo — da ditadura militar, no governo Geisel.
PUBLICIDADE
Para isso, foi estabelecido o monopólio da estatal na operação dos campos no pré-sal. Ao mesmo tempo, criou-se uma participação compulsória da empresa em no mínimo um terço dos consórcios, com o modelo de partilha. Regras restritivas e que, além do mais, fizeram retardar a primeira licitação sob as novas normas, enquanto o petróleo estava na faixa de US$ 100 o barril. Por isso, era bastante atraente investir em novas áreas, mesmo tecnicamente difíceis como as do pré-sal.
O preço começou a cair e, assim, o leilão do grande campo de Libra, em 2013, foi um fracasso. Não houve competição, por falta de interessados. Só um consórcio ofereceu lance, composto pela Petrobras, associada à Total, à Shell e a duas estatais chinesas (CNPC e CNOOC).
Na visão estatista de mundo, seria uma operação infalível: monopolista na operação no pré-sal e dona de no mínimo um terço de todos os consórcios, a Petrobras encomendaria o máximo de equipamentos no mercado interno, e com isso fomentaria o surgimento de forte base industrial no setor, incluindo estaleiros, robustecidos por encomendas de navios de apoio e plataformas.
Mas tudo sem maiores cuidados com produtividade e custos. Uma industrialização à la China maoista.
Os lulopetistas na Petrobras deram asas à criatividade e imaginaram a mirabolante Sete Brasil, superempresa com a participação da estatal, de bancos privados e públicos (Bradesco, Santander, BTG e Caixa Econômica), além de fundos de pensão também da área pública. Outro fracasso bilionário.
O escândalo do petrolão veio apenas acelerar a falência deste megaprojeto lulopetista. Também ajudada, nesse trabalho de desmonte, pelo ciclo de vertiginosa baixa do preço mundial do petróleo. Com a maior dívida empresarial do mundo, de meio trilhão de reais, a empresa precisa vender ativos. Ou seja, por ironia, o PT tem sido o agente da privatização da companhia. Tudo por miopia ideológica, além da avidez por financiar um projeto de poder por meio de corrupção, dentro do lema de que “os fins justificam os meios”. Na segunda, a empresa anunciou um prejuízo recorde, de R$ 34,8 bilhões, no ano passado.