O dono do mundo 04/04/2016
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Luiz Inácio Lula Dono do Mundo da Silva está impossível. Ele já definiu que, na próxima quinta, vai assumir a chefia da Casa Civil, quando, segundo disse a aliados, deve tomar, então “as rédeas” do governo.
Bem, para que isso aconteça, terá de derrubar Dilma do cavalo. Qual é o problema? Ele derruba. Já derrubou.
O bicho não brinca em serviço.
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E por que na quinta?
Porque há a possibilidade de julgamento da liminar concedida por Gilmar Mendes, do STF, que atendeu a pedido da oposição e suspendeu o ato de Dilma por desvio de função.
Afinal, como resta claríssimo, o objetivo ao levar Lula para a Casa Civil foi mesmo — como deixa claro a Procuradoria-Geral da Geral da República em parecer encaminhado para outra ação — retirá-lo da alçada do juiz Sergio Moro.
Lula deu um golpe em Dilma e já manda no governo. Transformou-a em boneco de mamulengo. Mas ainda não manda no tribunal.
Se o ministro optar pela simples ratificação da liminar, a decisão será tomada nesta semana. Se, no entanto, decidir já tratar do mérito, pode ficar para a semana que vem.
Nunca se assistiu a coisa semelhante na política brasileira. Houve, sim, figuras fortes na República que podiam fazer sombra a este ou aquele dirigentes, mas um caso como o que está em curso é inédito.
Leiam os jornais e os sites noticiosos. Ficamos sabendo que Lula está negociando diretamente com as bancadas, especialmente do Norte e Nordeste, e procedendo à farta à distribuição de cargos, embora não ocupe função nenhuma na burocracia.
Dilma tem o desassombro e a cara de pau de terceirizar o governo a quem nem mesmo ocupa uma função formal. Concede, assim, a Lula o seu terceiro mandato, exercido ao arrepio da lei e da Constituição.
Quanto ao Supremo, ele está certo de que vai ser um passeio, não é mesmo?
É o tribunal que ele já disse acovardado; é o tribunal em que em deixa claro ter seus interlocutores (“manda a Dilma falar com a Rosa”); é o tribunal que ele imagina de joelhos.
Lula, como fica evidente, aposta todas as suas fichas no chamado “baixo clero” da Câmara.
E aposta que também há um baixo clero no Supremo para fazer as suas vontades.