Ainda faltam votos para aprovar o impeachment 09/04/2016
- Blog de Ricardo Noblat - O GLOBO
A presidente Dilma será julgada no Congresso pelo conjunto de sua obra, não apenas pelas pedaladas fiscais – despesas feitas sem autorização do Congresso.
Foi isso que ficou claro na discussão sobre o pedido de impeachment que entrou pela madrugada de hoje na Comissão Especial da Câmara dos Deputados.
Falou-se de pedaladas, naturalmente, e à exaustão. Mas o que predominou foram as críticas à crise econômica, à corrupção e aos erros cometidos por um governo paralisado há meses.
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Os contrários ao impeachment exploraram a falta de propostas da oposição para tirar o Brasil do buraco. Mas não só.
Eles tentaram ligá-la ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e denunciado por corrupção pela Lava-Jato, defenderam o governo e exaltaram as realizações do ex-presidente Lula.
Se tivesse dependido apenas dos deputados do PT, a discussão não teria durado tanto tempo. A tropa do governo estava em minoria.
A aprovação do impeachment na Comissão, marcada para a próxima segunda-feira, é dada como certa pelo governo.
Coincidem as previsões do governo e da oposição: até o início da manhã de hoje, havia, ali, 36 votos favoráveis ao impeachment contra 29. “Este jogo já perdemos”, admitiu o deputado Sílvio Costa (PT do B-PE), vice líder do governo.
Costa acredita na derrota do impeachment quando ele for votado, a partir da próxima sexta-feira, no plenário da Câmara.
Para tirar Dilma, a oposição precisará de 342 votos em um total de 513. Para que Dilma continue na presidência da República, basta que 171 deputados a apoiem votando ou se abstendo.
Nas contas da oposição, ainda estariam faltando cerca de 40 votos para aprovar o impeachment. Mas o número não bate com as contas feitas por Cunha e compartilhadas por ele com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP).
A dois deputados, em sua casa, na noite da quinta-feira, Cunha disse que o impeachment já tem mais de 360 votos.
Neste momento, governo e oposição brigam com todas as suas armas pelos votos do Partido da República, do mensaleiro Valdemar Costa Neto.
Em liberdade condicional, Costa Neto já se reuniu com emissários de Dilma e com o próprio Temer. O governo ofereceu ao PR ministérios e cargos. Temer, promessas de cargos em um eventual futuro governo dele.
O PR tem 40 deputados. Um senador do partido revelou a este blog que, por ora, os 40 estão divididos assim: oito a favor do impeachment, 25 contra e sete decididos a se abster, o que é bom para o governo.
A oposição imagina que que esse ainda não é o placar final dentro do PR porque muita coisa poderá acontecer até o dia da votação. A conferir.