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De Última! Só lendo para acreditar

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Sem medo do ridículo
15/04/2016 - Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com

Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski ultrapassaram nesta quinta e madrugada de sexta todos os limites do razoável.

Duvido que o tribunal tenha assistido a espetáculo tão patético em qualquer tempo. Até Roberto Barroso passaria por procurador da ortodoxia.

Os lances são muitos e os mais variados. Por meio de palavras oblíquas, o presidente da Corte chegou a estimular a presidente Dilma a recorrer de novo ao Supremo quando o caso chegar ao Senado.


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Um descalabro. E ainda resolveu ter um surto de mandonismo. Vamos às heterodoxias.

HETERODOXIA 1

José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União, solicitou ao tribunal a licença — não regimental em caso de mandado de segurança — para fazer a sustentação oral de sua tese, que pedia simplesmente a anulação do relatório.

Os ministros rejeitaram a sustentação porque seria um privilégio descabido. Menos, ora vejam, Marco Aurélio e Lewandowski. Este chegou a argumentar que, por se tratar de uma coisa tão especial, como o impeachment da presidente, então, por ele, a palavra seria concedida.

Ora, todo caso que chega à Corte é especial, não? Vocês já viram alguém apelar ao Supremo porque engasgou com um Chicabon?

O que o presidente da Corte advogava ali era o jeitinho.

Pior: em outros mandados de segurança, a sustentação oral já tinha sido recusada aos respectivos advogados, com a concordância de… Lewandowski!

Ele queria abrir uma exceção ao advogado-geral porque, afinal, ele é o… advogado-geral.

Calma que ainda não foi o seu pior.

HETERODOXIA 2

Ninguém votou a favor da tese de Cardozo, a não ser, que surpresa!, Marco Aurélio e Lewandowski.

Por alguma estranha razão, o primeiro afirmou que o direito de defesa de Dilma tinha sido cerceado.

Fiquei com a impressão de que a dupla não tinha lido o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO).

As razões alegadas pelo advogado-geral para pedir a anulação não estão no texto.

Vale dizer: Jovair desprezou a denúncia de Delcídio do Amaral e as pedaladas dadas em 2014.

Houve não mais do que referências laterais a esses episódios.

HETORODOXIA 3

Numa das ações que tratava da ordem de votação, Lewandowski forçou a mão para fabricar um empate em cinco a cinco.

Não entro em detalhes porque seria tedioso demais.

Mas, acreditem, o empate não tinha existido. Eis que, de modo solerte, Lewandowski ameaçou usar o voto qualificado de presidente da Corte, conforme dispõe o Regimento Interno — a depender do caso, o presidente vota uma segunda vez.

Celso de Mello, o decano, teve de lembrar que, também segundo o regimento, em caso de mandado de segurança, não cabe o voto qualificado do presidente.

Prevalece a decisão contestada.

Aliás, em caso de habeas corpus, por contraste, o empate conta a favor da concessão do benefício.

Também não se aplica o voto qualificado.

É claro que Lewandowski sabe disso.

Burro ele não é. É até muito esperto.

HETERODOXIA 4

Ao perceber que seus pares não se mostravam dispostos a enfiar a mão grande na Câmara, reconhecendo a independência que tem a Casa para cuidar de assuntos que lhe dizem respeito, Lewandowski teve um daqueles chiliques que lhe são típicos: fúria contida.

E soltou pérolas como esta:

“Embora não tenham sido eleitos pelo povo, juízes têm legitimidade nacional. Como juiz da Suprema Corte, tenho legitimidade, sim, para rever atos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário”.

Ora, claro que sim! Se estiver nos limites da Constituição e das leis, que também valem para ministros do Supremo.

Alguém precisa lembrar a este senhor que os Três Poderes são independentes e harmônicos justamente porque não existe o Poder Soberano.

HETERODOXIA 5

Achando que o ridículo ainda não tinha atingido o estado de arte, Lewandowski praticamente incitou Dilma a recorrer de novo ao tribunal se e quando o caso chegar ao Senado.

E disse com todas as letras que era preciso debater se, afinal, a presidente cometeu ou não crime de responsabilidade.

A gente já sabe que Marco Aurélio e Lewandowski acham que não.

Existe uma diferença entre independência intelectual e casuísmo mixuruca.

Finalmente

E encerro com destaques positivos.

Ao longo da noite, mais de uma vez, houve uma tentativa de declarar a ilegitimidade do processo porque os deputados não seriam imparciais.

Coube a Gilmar Mendes e a Celso de Mello lembrar o óbvio: eles só são deputados porque são parciais; pertencem a partidos, a correntes de opinião, e conquistam votos justamente em razão de sua… parcialidade.


  

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